A África após 1945
O processo de descolonização
Os fatores de influência
- a propagação do
princípio da autodeterminação das nacionalidades, que embasou o processo de
desmembramento dos impérios europeus após a Primeira Guerra Mundial;
- o surgimento de lideranças nacionalistas, que atuaram como
canalizadores do sentimento da nacionalidade e mobilizando o povo em torno do
projeto emancipacionista;
- o enfraquecimento das potências colonialistas em razão da Segunda
Guerra Mundial, o que as deixou sem condições de impedir o avanço da
descolonização;
- o apoio recebido das nações reunidas em Bandung em 1955;
- o interesse das superpotências em ampliar suas áreas de influência, o
que as levou a apoiar os movimentos de libertação das colônias. O risco
neste caso foi o fato de as duas superpotências apoiarem grupos distintos
dentro de um mesmo país, o que concorreu para as frequentes guerras civis no
continente africano.
As vias de libertação
- a via negociada ou pacífica: nela o colonizador admitiu reconhecer a independência da colônia
de modo que os vínculos econômicos, políticos e culturais ficassem preservados.
Dessa maneira a independência não representa uma ruptura total com a antiga
metrópole. Essa prática os ingleses utilizaram-na de modo a integrar suas ex
colônias em membros da Commonwealth (Comunidade Britânica). Os franceses, em
menor escala, também buscaram construir uma comunidade francesa com suas ex
colônias.
- a via violenta: nela o colonizador ofereceu resistência à emancipação de suas colônias,
conduzindo o processo irremediavelmente a uma guerra de libertação. Nesse caso
há uma ruptura real dos laços entre a ex colônia e a ex metrópole.
- a via revolucionária: ela representa um desdobramento da via violenta e traduz a opção pela
via socialista por parte do movimento de libertação.
O estudo de casos africanos
Argélia
Entre 1954 e 1962 transcorreu a Guerra da Argélia entre o
movimento nacionalista (Frente de Libertação Nacional) argelino liderado por
Ahmed Ben-Bella e o Estado Francês. Essa guerra decorreu do fato de a França
não admitir a emancipação argelina, proclamada em 1954. Para a França a
independência da Argélia era interpretada como separatismo, aja vista que o
Estado Francês classificava a Argélia como um Departamento, ou seja, uma
unidade territorial e política francesa. Por outro lado, havia na Argélia uma
elite francesa, os pied-noirs, que, com o apoio da extrema-direita francesa,
pressionou o governo da França para não aceitar a emancipação dos argelinos.
O conflito foi marcado por
ações de violência de ambos os lados. A Frente de Libertação levou a guerra
para dentro do território francês, ao promover sucessivos atentados, o que
deixou o povo francês assustado e favorável a emancipação. Em 1958, os
franceses recorreram ao General Charles De Gaulle, comandante do exército da
França-Livre na Segunda Guerra, para ocupar o cargo de 1º ministro apostando na
sua capacidade de comandar a vitória francesa. Entretanto, De Gaulle, eleito
posteriormente Presidente, entendeu que o melhor caminho era o acordo de paz.
Respaldado num plebiscito, De Gaulle negociou com Ben-Bella o Acordo de Evian
em 1962, no qual a Argélia se tornava um Estado independente.
Chama atenção o fato de que a
elite pied-noir e a extrema direita, frustradas pela independência argelina,
patrocinaram uma Organização Terrorista (Organização do Exército Secreto –OES-)
cujo propósito inicial era o de inviabilizar o entendimento, chegaram até mesmo
a organizar um fracassado atentado contra De Gaulle.
Congo
Ex colônia belga, a atual República Democrática do Congo,
que já se chamou República Popular do Congo e República do Zaire, se tornou
independente em 1960 através de uma negociação entre o movimento de libertação
e o governo belga. Entre 1961 e 1963 o país atravessou uma guerra civil, que
envolveu o governo nacional formado por Joseph Kasavubu e Patrice Lumumba e as
forças separatistas lideradas pelo governo da Província de Catanga de Moisé
Tshomb.
A guerra civil traduziu não apenas
a posição separatista de Catanga, mas também os interesses das mineradoras
internacionais, que foram atingidas pela nacionalização das reservas minerais
decretado pelo governo Kasavubu-Lumumba. Durante o conflito Lumumba deixou o
governo e, de forma pouco esclarecida, foi seqüestrado e morto pelos rebeldes
separatistas de Catanga. Em 1963 foi assinado um acordo de paz entre Kasavubu e
Tshomb, em que este acabou indicado 1º ministro. Entretanto, em 1965 o país
passou por um Golpe Militar liderado pelo Coronel Mobutu Seko com o apoio do
governo norte americano (Lyndon Johnson), que instalou uma ditadura violenta e
corrupta até 1997. Foi o Coronel Mobutu o responsável pela adoção do nome de
República do Zaire em 1972.
Nigéria
A ex colônia britânica obteve a independência no início da década de
1960 e emancipada ingressou na Commonwealth, de modo que, os laços políticos e
econômicos com a Inglaterra foram mantidos, inclusive a presença de petrolífera
britânica atuando no país.
Em 1967 a Nigéria começou a
enfrentar uma violenta guerra civil, que se estendeu até 1970. Esse conflito
conhecido como Guerra Nigéria-Biafra ou apenas Guerra de Biafra, decorreu da
tentativa da região de Biafra de se tornar independente do Estado Nigeriano. O fato deflagrador do separatismo dos Igbos foi a retomada do poder pela tribo dos hauçás, que reagiram ao Golpe promovido pelos Igbos.
Essa guerra foi uma das mais violentas na África, com milhares de mortes
provocadas pela fome, cujas imagens eram transmitidas para o Ocidente. A Guerra
de Biafra terminou com cerca de 2 milhões de mortos e o recuo separatista dos Igbos (tribo dominante na
região) e a preservação da unidade nacional nigeriana.
A presença de Pelé na Nigéria em meio a guerra civil
Curiosidade
O jornalista Gilberto Castor Marques, enviado especial de “A Tribuna”, que acompanhava o Peixe (apelido do time santista) escreveu que quando o Alvinegro chegou na cidade de Benin, foi decretado feriado na parte da tarde daquele dia pelo governador da região nigeriana, tenente coronel Samuel Ogbemudia, o qual também autorizou que a ponte sobre o rio que ligava Benin a cidade de Sapele tivesse a passagem liberada para que todos, indistintamente, pudessem assistir ao jogo. Akenzua II, conhecido como “The Oba de Benin” era o rei local. Logo após o time brasileiro embarcar no avião para sair da Nigéria, o conflito foi retomado. Daí ter sido criada a história de que Pelé paralisou uma guerra civil.
A África Portuguesa
As colônias portuguesas na África (Angola, Moçambique,
Guiné, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe) obtiveram a independência em 1975 após
a vitória da Revolução dos Cravos de 25 de abril de 1974 contra o
Salazarismo. Essa conquista traduziu a participação do movimento nacionalista
nas colônias na luta contra a ditadura salazarista após a Segunda Guerra
Mundial. Com relação ao processo de emancipação vale ressaltar, que em Angola e
em Moçambique, após terem sua independência reconhecida pelo governo português
instalado após a Revolução, enfrentaram guerras civis em seus territórios nas
décadas de 1970, 1980 e 1990. Essas guerras repercutiram a falta de unicidade
política e ideológica nas várias correntes, que compuseram o movimento
nacionalista angolano e moçambicano. Se não bastasse isso, essas guerras
repercutiram também a polarização ideológica que marcava a Guerra Fria, logo a
rivalidade entre o capitalismo norte americano e o socialismo soviético.
(1975/2002) A Guerra Civil Angolana
Agostinho Neto (MPLA) Jonas Savimbi (UNITA) e Holdden Roberto (FNLA)
Em 1975 através do Acordo de Alvor Angola foi reconhecida
como país independente. Entretanto, na luta pela libertação formaram-se três
grupos: MPLA, FNLA e UNITA. A impossibilidade de constituir um governo de
unidade provocou uma disputa entre as lideranças o que levou os grupos a serem
protagonistas de uma guerra civil.
O MPLA liderado por Agostinho
Neto instalado em Luanda se apresentou como representante do poder, o que não
foi reconhecido pela FNLA liderada por Holden Roberto, como também pela UNITA
sob o comando de Jonas Savimbi, daí o início da guerra civil.
O MPLA contou com apoio de
Cuba, da mesma forma que a FNLA teve a ajuda do Zaire do Coronel Mobutu e
contou com a ajuda material de Londres e de Washington. Por outro lado a UNITA
recebeu todo o suporte do regime do apartheid sul africano e dos EUA e do Reino
Unido.
O fim da Guerra Fria no final
dos anos 80 teve forte influência no cessar fogo firmado em 1992 e no acordo
para realização de eleições. Entretanto, o líder da UNITA derrotado nas
eleições presidenciais não concordou com o resultado e decidiu retomar a luta
armada contra o governo do MPLA de José Eduardo Santos, que substituíra
Agostinho Neto morto em 1979 e que foi eleito presidente em 1994. A morte de Jonas
Savimbi em 2002 foi decisiva para assinatura do acordo de paz.
(1975/1992) A Guerra Civil Moçambicana
Samora Machel (Frelimo)
Moçambique teve uma situação muito similar a de Angola,
pois com a independência reconhecida em 1975, não foi possível formar um
governo de união nacional, porque a FRELIMO de orientação marxista sob a
liderança de Samora Machel e com apoio cubano, assumiu a condição de governo
nacional o que não foi reconhecido pela RENAMO grupo anticomunista, apoiado
pelos governos da África do Sul, da Rodésia e dos EUA. A posição da Renamo foi
decisiva para o início da guerra civil.
Em 1992 na conjuntura pós
Guerra Fria, foi assinado o Acordo Geral de Paz, que pôs fim a guerra civil e
que transformou a FRELIMO e a RENAMO em partidos políticos.
O envolvimento da África
do Sul nas guerras civis angolana e moçambicana
O apoio oferecido pelo governo racista do Apartheid aos
grupos que combatiam o MPLA em Angola e a FRELIMO em Moçambique,
deveu-se ao fato de:
- serem ambos os governos comunistas;
- por darem apoio à Frente de oposição ao
Apartheid no continente africano;
- por oferecerem ajuda a SWAPO, Organização
Popular da África Sul Ocidental, na luta de libertação da Namíbia, região
dominada pela África do Sul,
África do Sul e o Apartheid
Imagens caracterizadoras do Apartheid
A região da extremidade sul do continente africano foi
palco do interesse dos europeus desde o século XV, dada a sua posição
estratégica na transição do Atlântico para o Índico. No final do século XIX foi
teatro de uma guerra entre ingleses e holandeses pelo controle das regiões de
diamantes e de ouro do Transvaal e do Orange, a Guerra dos Böers. No século XX ali se instalou o mais odioso regime político,
o Apartheid. Na África do Sul a minoria branca , formada por descendentes de
ingleses e de holandeses institucionalizou a segregação racial, excluindo a
maioria negra da condição de cidadania. Pelas leis do Apartheid os negros não
podiam ser proprietários de terras, não tinham representação política, deveriam
habitar regiões separadas das ocupadas pelos brancos, não podiam se casar com
brancos e as relações sexuais interraciais foram consideradas ilegais, A
separação física entre brancos e negros se traduziu na criação dos Bantustões,
as áreas no interior destinadas as comunidades negras e das favelas localizadas
na periferia das grandes cidades como a de Soweto e a de Sharpeville, que
constituíram núcleos da resistência dos negros contra o Apartheid.
Imagens de Nelson Mandela: jovem, prisioneiro, Presidente e no Prêmio Nobel
Na luta contra o Apartheid
destacou-se o CNA (Congresso Nacional Africano) em que despontou a liderança de
Nelson Mandela um admirador confesso de Gandhi, que também defendia a via
pacífica contra o Apartheid. Entretanto, o assassinato em 1960 de cerca de 70
negros no Massacre de Sharpeville em razão de uma manifestação pacífica contra
o regime, mudou os rumos da luta de resistência, que ganhou um tom de maior
contundência e de violência. A resposta do governo não tardou: o CNA foi
colocado na ilegalidade e Mandela foi capturado e condenado a prisão perpétua.
Nas décadas de 1970 e 1980 a
pressão internacional contra o Apartheid aumentou. Em 1972 a África do Sul foi
excluída dos Jogos de Munique, porque havia uma ameaça de boicote aos
jogos pelos países africanos. Em 1977 foi decretado o embargo da venda de armas
para a África do Sul. Em 1985 a ONU impôs sansões econômicas à África do Sul.
Em 1989 nas eleições sul africanas houve a formação do governo Frederick De
Klerk, que deu início a um processo de transição pela via negociada, cujo
primeiro passo foi libertar Mandela da prisão, em seguida revogar as leis
segregacionistas ratificadas por um plebiscito em que 69% dos brancos votaram a
favor. O processo de transição política foi concluído em 1994, com as
primeiras eleições multirraciais, com a vitória de Mandela candidato do CNA.
Em
1993 a Academia Sueca, conferiu a De Klerk e a Mandela o Nobel da Paz.
o Bispo Anglicano Desmond Tutu
No governo Mandela foi aprovada a Lei dos
Direitos sobre a Terra e a criação da Comissão de Reconciliação e Verdade, esta
para investigar, esclarecer e denunciar os responsáveis por crimes de tortura e
de mortes no período do Apartheid. Esta Comissão foi presidida por uma das mais
importantes figuras sul africanas na luta de resistência ao Apartheid, o Bispo
Anglicano Desmond Tutu, cuja luta o levou em 1984 a ganhar o Nobel da Paz.
A África após 1945
O processo de descolonização
Os fatores de influência
- a propagação do princípio da autodeterminação das nacionalidades, que embasou o processo de desmembramento dos impérios europeus após a Primeira Guerra Mundial;
- o surgimento de lideranças nacionalistas, que atuaram como
canalizadores do sentimento da nacionalidade e mobilizando o povo em torno do
projeto emancipacionista;
- o enfraquecimento das potências colonialistas em razão da Segunda
Guerra Mundial, o que as deixou sem condições de impedir o avanço da
descolonização;
- o apoio recebido das nações reunidas em Bandung em 1955;
- o interesse das superpotências em ampliar suas áreas de influência, o
que as levou a apoiar os movimentos de libertação das colônias. O risco
neste caso foi o fato de as duas superpotências apoiarem grupos distintos
dentro de um mesmo país, o que concorreu para as frequentes guerras civis no
continente africano.
As vias de libertação
- a via negociada ou pacífica: nela o colonizador admitiu reconhecer a independência da colônia de modo que os vínculos econômicos, políticos e culturais ficassem preservados. Dessa maneira a independência não representa uma ruptura total com a antiga metrópole. Essa prática os ingleses utilizaram-na de modo a integrar suas ex colônias em membros da Commonwealth (Comunidade Britânica). Os franceses, em menor escala, também buscaram construir uma comunidade francesa com suas ex colônias.
- a via violenta: nela o colonizador ofereceu resistência à emancipação de suas colônias,
conduzindo o processo irremediavelmente a uma guerra de libertação. Nesse caso
há uma ruptura real dos laços entre a ex colônia e a ex metrópole.
- a via revolucionária: ela representa um desdobramento da via violenta e traduz a opção pela
via socialista por parte do movimento de libertação.
O estudo de casos africanos
Argélia
Entre 1954 e 1962 transcorreu a Guerra da Argélia entre o
movimento nacionalista (Frente de Libertação Nacional) argelino liderado por
Ahmed Ben-Bella e o Estado Francês. Essa guerra decorreu do fato de a França
não admitir a emancipação argelina, proclamada em 1954. Para a França a
independência da Argélia era interpretada como separatismo, aja vista que o
Estado Francês classificava a Argélia como um Departamento, ou seja, uma
unidade territorial e política francesa. Por outro lado, havia na Argélia uma
elite francesa, os pied-noirs, que, com o apoio da extrema-direita francesa,
pressionou o governo da França para não aceitar a emancipação dos argelinos.
O conflito foi marcado por
ações de violência de ambos os lados. A Frente de Libertação levou a guerra
para dentro do território francês, ao promover sucessivos atentados, o que
deixou o povo francês assustado e favorável a emancipação. Em 1958, os
franceses recorreram ao General Charles De Gaulle, comandante do exército da
França-Livre na Segunda Guerra, para ocupar o cargo de 1º ministro apostando na
sua capacidade de comandar a vitória francesa. Entretanto, De Gaulle, eleito
posteriormente Presidente, entendeu que o melhor caminho era o acordo de paz.
Respaldado num plebiscito, De Gaulle negociou com Ben-Bella o Acordo de Evian
em 1962, no qual a Argélia se tornava um Estado independente.
Chama atenção o fato de que a
elite pied-noir e a extrema direita, frustradas pela independência argelina,
patrocinaram uma Organização Terrorista (Organização do Exército Secreto –OES-)
cujo propósito inicial era o de inviabilizar o entendimento, chegaram até mesmo
a organizar um fracassado atentado contra De Gaulle.
Congo
Ex colônia belga, a atual República Democrática do Congo, que já se chamou República Popular do Congo e República do Zaire, se tornou independente em 1960 através de uma negociação entre o movimento de libertação e o governo belga. Entre 1961 e 1963 o país atravessou uma guerra civil, que envolveu o governo nacional formado por Joseph Kasavubu e Patrice Lumumba e as forças separatistas lideradas pelo governo da Província de Catanga de Moisé Tshomb.
A guerra civil traduziu não apenas
a posição separatista de Catanga, mas também os interesses das mineradoras
internacionais, que foram atingidas pela nacionalização das reservas minerais
decretado pelo governo Kasavubu-Lumumba. Durante o conflito Lumumba deixou o
governo e, de forma pouco esclarecida, foi seqüestrado e morto pelos rebeldes
separatistas de Catanga. Em 1963 foi assinado um acordo de paz entre Kasavubu e
Tshomb, em que este acabou indicado 1º ministro. Entretanto, em 1965 o país
passou por um Golpe Militar liderado pelo Coronel Mobutu Seko com o apoio do
governo norte americano (Lyndon Johnson), que instalou uma ditadura violenta e
corrupta até 1997. Foi o Coronel Mobutu o responsável pela adoção do nome de
República do Zaire em 1972.
Nigéria
A ex colônia britânica obteve a independência no início da década de 1960 e emancipada ingressou na Commonwealth, de modo que, os laços políticos e econômicos com a Inglaterra foram mantidos, inclusive a presença de petrolífera britânica atuando no país.
Em 1967 a Nigéria começou a
enfrentar uma violenta guerra civil, que se estendeu até 1970. Esse conflito
conhecido como Guerra Nigéria-Biafra ou apenas Guerra de Biafra, decorreu da
tentativa da região de Biafra de se tornar independente do Estado Nigeriano. O fato deflagrador do separatismo dos Igbos foi a retomada do poder pela tribo dos hauçás, que reagiram ao Golpe promovido pelos Igbos.
Essa guerra foi uma das mais violentas na África, com milhares de mortes provocadas pela fome, cujas imagens eram transmitidas para o Ocidente. A Guerra de Biafra terminou com cerca de 2 milhões de mortos e o recuo separatista dos Igbos (tribo dominante na região) e a preservação da unidade nacional nigeriana.
Essa guerra foi uma das mais violentas na África, com milhares de mortes provocadas pela fome, cujas imagens eram transmitidas para o Ocidente. A Guerra de Biafra terminou com cerca de 2 milhões de mortos e o recuo separatista dos Igbos (tribo dominante na região) e a preservação da unidade nacional nigeriana.
A presença de Pelé na Nigéria em meio a guerra civil |
Curiosidade
O jornalista Gilberto Castor Marques, enviado especial de “A Tribuna”, que acompanhava o Peixe (apelido do time santista) escreveu que quando o Alvinegro chegou na cidade de Benin, foi decretado feriado na parte da tarde daquele dia pelo governador da região nigeriana, tenente coronel Samuel Ogbemudia, o qual também autorizou que a ponte sobre o rio que ligava Benin a cidade de Sapele tivesse a passagem liberada para que todos, indistintamente, pudessem assistir ao jogo. Akenzua II, conhecido como “The Oba de Benin” era o rei local. Logo após o time brasileiro embarcar no avião para sair da Nigéria, o conflito foi retomado. Daí ter sido criada a história de que Pelé paralisou uma guerra civil.
A África Portuguesa
As colônias portuguesas na África (Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe) obtiveram a independência em 1975 após a vitória da Revolução dos Cravos de 25 de abril de 1974 contra o Salazarismo. Essa conquista traduziu a participação do movimento nacionalista nas colônias na luta contra a ditadura salazarista após a Segunda Guerra Mundial. Com relação ao processo de emancipação vale ressaltar, que em Angola e em Moçambique, após terem sua independência reconhecida pelo governo português instalado após a Revolução, enfrentaram guerras civis em seus territórios nas décadas de 1970, 1980 e 1990. Essas guerras repercutiram a falta de unicidade política e ideológica nas várias correntes, que compuseram o movimento nacionalista angolano e moçambicano. Se não bastasse isso, essas guerras repercutiram também a polarização ideológica que marcava a Guerra Fria, logo a rivalidade entre o capitalismo norte americano e o socialismo soviético.
(1975/2002) A Guerra Civil Angolana
Agostinho Neto (MPLA) Jonas Savimbi (UNITA) e Holdden Roberto (FNLA)
Em 1975 através do Acordo de Alvor Angola foi reconhecida como país independente. Entretanto, na luta pela libertação formaram-se três grupos: MPLA, FNLA e UNITA. A impossibilidade de constituir um governo de unidade provocou uma disputa entre as lideranças o que levou os grupos a serem protagonistas de uma guerra civil.
O MPLA liderado por Agostinho
Neto instalado em Luanda se apresentou como representante do poder, o que não
foi reconhecido pela FNLA liderada por Holden Roberto, como também pela UNITA
sob o comando de Jonas Savimbi, daí o início da guerra civil.
O MPLA contou com apoio de
Cuba, da mesma forma que a FNLA teve a ajuda do Zaire do Coronel Mobutu e
contou com a ajuda material de Londres e de Washington. Por outro lado a UNITA
recebeu todo o suporte do regime do apartheid sul africano e dos EUA e do Reino
Unido.
O fim da Guerra Fria no final
dos anos 80 teve forte influência no cessar fogo firmado em 1992 e no acordo
para realização de eleições. Entretanto, o líder da UNITA derrotado nas
eleições presidenciais não concordou com o resultado e decidiu retomar a luta
armada contra o governo do MPLA de José Eduardo Santos, que substituíra
Agostinho Neto morto em 1979 e que foi eleito presidente em 1994. A morte de Jonas
Savimbi em 2002 foi decisiva para assinatura do acordo de paz.
(1975/1992) A Guerra Civil Moçambicana
Samora Machel (Frelimo)
Moçambique teve uma situação muito similar a de Angola, pois com a independência reconhecida em 1975, não foi possível formar um governo de união nacional, porque a FRELIMO de orientação marxista sob a liderança de Samora Machel e com apoio cubano, assumiu a condição de governo nacional o que não foi reconhecido pela RENAMO grupo anticomunista, apoiado pelos governos da África do Sul, da Rodésia e dos EUA. A posição da Renamo foi decisiva para o início da guerra civil.
Em 1992 na conjuntura pós
Guerra Fria, foi assinado o Acordo Geral de Paz, que pôs fim a guerra civil e
que transformou a FRELIMO e a RENAMO em partidos políticos.
O envolvimento da África
do Sul nas guerras civis angolana e moçambicana
O apoio oferecido pelo governo racista do Apartheid aos grupos que combatiam o MPLA em Angola e a FRELIMO em Moçambique, deveu-se ao fato de:
- serem ambos os governos comunistas;
- por darem apoio à Frente de oposição ao
Apartheid no continente africano;
- por oferecerem ajuda a SWAPO, Organização
Popular da África Sul Ocidental, na luta de libertação da Namíbia, região
dominada pela África do Sul,
|
África do Sul e o Apartheid
Imagens caracterizadoras do Apartheid
A região da extremidade sul do continente africano foi
palco do interesse dos europeus desde o século XV, dada a sua posição
estratégica na transição do Atlântico para o Índico. No final do século XIX foi
teatro de uma guerra entre ingleses e holandeses pelo controle das regiões de
diamantes e de ouro do Transvaal e do Orange, a Guerra dos Böers. No século XX ali se instalou o mais odioso regime político,
o Apartheid. Na África do Sul a minoria branca , formada por descendentes de
ingleses e de holandeses institucionalizou a segregação racial, excluindo a
maioria negra da condição de cidadania. Pelas leis do Apartheid os negros não
podiam ser proprietários de terras, não tinham representação política, deveriam
habitar regiões separadas das ocupadas pelos brancos, não podiam se casar com
brancos e as relações sexuais interraciais foram consideradas ilegais, A
separação física entre brancos e negros se traduziu na criação dos Bantustões,
as áreas no interior destinadas as comunidades negras e das favelas localizadas
na periferia das grandes cidades como a de Soweto e a de Sharpeville, que
constituíram núcleos da resistência dos negros contra o Apartheid.
Imagens de Nelson Mandela: jovem, prisioneiro, Presidente e no Prêmio Nobel
Na luta contra o Apartheid destacou-se o CNA (Congresso Nacional Africano) em que despontou a liderança de Nelson Mandela um admirador confesso de Gandhi, que também defendia a via pacífica contra o Apartheid. Entretanto, o assassinato em 1960 de cerca de 70 negros no Massacre de Sharpeville em razão de uma manifestação pacífica contra o regime, mudou os rumos da luta de resistência, que ganhou um tom de maior contundência e de violência. A resposta do governo não tardou: o CNA foi colocado na ilegalidade e Mandela foi capturado e condenado a prisão perpétua.
Nas décadas de 1970 e 1980 a
pressão internacional contra o Apartheid aumentou. Em 1972 a África do Sul foi
excluída dos Jogos de Munique, porque havia uma ameaça de boicote aos
jogos pelos países africanos. Em 1977 foi decretado o embargo da venda de armas
para a África do Sul. Em 1985 a ONU impôs sansões econômicas à África do Sul.
Em 1989 nas eleições sul africanas houve a formação do governo Frederick De
Klerk, que deu início a um processo de transição pela via negociada, cujo
primeiro passo foi libertar Mandela da prisão, em seguida revogar as leis
segregacionistas ratificadas por um plebiscito em que 69% dos brancos votaram a
favor. O processo de transição política foi concluído em 1994, com as
primeiras eleições multirraciais, com a vitória de Mandela candidato do CNA.
Em
1993 a Academia Sueca, conferiu a De Klerk e a Mandela o Nobel da Paz.
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o Bispo Anglicano Desmond Tutu
No governo Mandela foi aprovada a Lei dos Direitos sobre a Terra e a criação da Comissão de Reconciliação e Verdade, esta para investigar, esclarecer e denunciar os responsáveis por crimes de tortura e de mortes no período do Apartheid. Esta Comissão foi presidida por uma das mais importantes figuras sul africanas na luta de resistência ao Apartheid, o Bispo Anglicano Desmond Tutu, cuja luta o levou em 1984 a ganhar o Nobel da Paz.
No governo Mandela foi aprovada a Lei dos Direitos sobre a Terra e a criação da Comissão de Reconciliação e Verdade, esta para investigar, esclarecer e denunciar os responsáveis por crimes de tortura e de mortes no período do Apartheid. Esta Comissão foi presidida por uma das mais importantes figuras sul africanas na luta de resistência ao Apartheid, o Bispo Anglicano Desmond Tutu, cuja luta o levou em 1984 a ganhar o Nobel da Paz.
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