A América Latina no século XX
México (A Revolução de 1910)
“Quando se estabelecer a Nova
República, não mais haverá exércitos no México. Os exércitos são os maiores
apoios da tirania. Não pode haver ditador sem seu exército”.
[ Pancho Villa, in México Rebelde de John Reed pag. 121)
Villa e seu Exército |
Emiliano Zapata A Revolução ocorrida no México é tratada como uma Revolução Camponesa. Entretanto, em nenhum momento coube as lideranças populares ocuparem o poder, Emiliano Zapata e Pancho Villa líderes do campesinato defenderam uma via reformista e conciliada que não exigia a presença deles no poder. |
Em 1910 era presidente mexicano o General Porfírio Diaz no poder desde 1876 utilizando práticas autoritárias e apoiando-se nas elites proprietárias. Ao longo desses 35 anos o Porfiriato, como ficou conhecido o período do general no poder, favoreceu a concentração de terras, a exploração da mão de obra indígena em sua maioria formada por indivíduos analfabetos, facilitou também o ingresso de capitais estrangeiros, em particular norte americano, na exploração mineral, no incipiente setor industrial, no setor dos bancos e na exportação de produtos.
Nesse ano realizou-se mais
uma eleição para a Presidência da República, nessa oportunidade foi apresentada
a candidatura de oposição à reeleição General Diaz, de Francisco Madero, que
tinha apoio de setores populares e do Movimento Camponês, particularmente de
Pancho Villa. Ao longo da campanha, Madero foi preso sob a acusação de crime
político, inviabilizando qualquer possibilidade de vitória no pleito. Novamente
eleito presidente o General Diaz enfrentou uma onde de protestos das classes
populares camponeses, greves urbanas. Essas manifestações foram articuladas por
Madero exilado no Texas com as lideranças camponesas pelo Pacto de San
Luis.
Foi nesse momento que
emergiram as lideranças camponesas de Zapata e de Villa. Zapata no sul, através
do Plano Ayala tornou-se um defensor da devolução das terras aos
índios dentro ou fora da lei. Pancho Villa no norte do país juntou-se a Zapata
para juntos defenderem a Reforma Agrária sob o lema Tierra y Libertad.
A pressão do movimento
camponês levou o general Diaz a uma renúncia negociada e a formação de um
governo de transição, até a realização de novas eleições. Esse governo foi
ocupado por Francisco Madero. Posteriormente eleito presidente, Madero ocupou o
poder até 1914, ano em que foi assassinado por um golpe militar liderado pelo
General Victoriano Huerta, cujo nome estava ligado ao do general Porfírio e aos
interesses britânicos. Imediatamente os camponeses liderados por Zapata e Villa
voltaram às manifestações. A pressão popular levou Huerta à renúncia. Vale ressaltar
que os Estados Unidos sob governo Woodrow Wilson não deram apoio ao golpe e
cortaram a venda de armas ao país.
Com a saída de Huerta,
buscou-se uma solução conciliada entre os camponeses e as elites, que chegou ao
nome de Venustiano Carranza, nome apoiado pelos Estados Unidos. Em 1917 uma
nova Carta Constitucional foi promulgada. Nela estava previsto o direito do
Estado de desapropriar terras para fins de reforma agrária, também constava uma
Legislação Social (leis trabalhistas) reivindicada pelos movimentos populares e
o controle do Estado sobre o subsolo. A Constituição tinha uma cara reformista
e moderadamente nacionalista.
A Constituição não foi
garantia para a realização da reforma agrária, o que incentivou frequentes
manifestações camponesas. Entretanto, com os assassinatos de Zapata em 1919 e
de Villa em 1923 essas manifestações se enfraqueceram, permitindo às elites
mexicanas, através do PRI (Partido Revolucionário Institucional), ocuparem o
poder ao longo de quase todo o século XX, exceto no breve período de 1934/1940,
que o México teve um governo de cunho nacionalista e reformista do presidente
Lázaro Cárdenas. Cárdenas promoveu um avanço na distribuição de terras e adotou
uma política nacionalista, que resultou na criação da Pemex (Cia estatal de
petróleo do México).
Nos anos 1990 reacendeu-se a
luta camponesa no país, coma formação do EZLN (Exército Zapatista de Libertação
Nacional), instalado na região de Chiapas no sul do México, que representa a
retomada da incansável luta dos camponeses pela REFORMA AGRÁRIA.
A Revolução Cubana (1959)
Imagens das comemorações pela vitória da Revolução
Em meio a Guerra Fria, em 1959 instalou-se na América Latina, embaixo do nariz dos Estados Unidos, o governo revolucionário cubano após uma árdua luta dos jovens barbudos contra a ditadura de Fulgêncio Batista, sob a liderança de Fidel Castro e com uma extraordinária participação do jovem médico argentino Ernesto Guevara de La Senra, o Chê. Em abril de 1961, definiu-se a opção cubana pelo socialismo e pelo alinhamento à URSS, a Guerra Fria chegava à América Latina.
Em meio a Guerra Fria, em 1959 instalou-se na América Latina, embaixo do nariz dos Estados Unidos, o governo revolucionário cubano após uma árdua luta dos jovens barbudos contra a ditadura de Fulgêncio Batista, sob a liderança de Fidel Castro e com uma extraordinária participação do jovem médico argentino Ernesto Guevara de La Senra, o Chê. Em abril de 1961, definiu-se a opção cubana pelo socialismo e pelo alinhamento à URSS, a Guerra Fria chegava à América Latina.
Antecedentes
Em 1898 após décadas de luta
contra o domínio espanhol, Cuba tornou-se independente. Entretanto, a vitória
da luta de libertação contou com apoio dos Estados Unidos através da Guerra
Hispano Norte Americana no Caribe e isso custou aos cubanos a assinatura de um
acordo, que se tornou parte integrante da Constituição Cubana, a Emenda
Platt. Por ela os Estados Unidos passaram a ter o direito
de intervir na Ilha em nome da democracia, da liberdade, da justiça
social e da segurança. Além disso, os Estados Unidos passaram a ter
o direito de preferência na compra do açúcar de Cuba e também
obtiveram a cessão do território, em regime de aluguel, para a
instalação da Base Militar de Guantánamo. Desse modo Cuba tornou-se um Protetorado
norte americano, uma área satélite.
Na década de 1930, numa onda
de nacionalismo que varreu o mundo, a Emenda Platt foi revogada. Entretanto,
isso não implicou tirar Cuba da órbita dos Estados Unidos, a dependência
econômica e a influência política se mantiveram, sobretudo, com a ascensão de
Fulgêncio Batista, inicialmente eleito em 1940 e posteriormente, em 1952, ao
participar de um Golpe Político. No período em que esteve a frente do governo
cubano, Batista tornou-se subalterno aos interesses norte americanos e levou o
país a se tornar um verdadeiro quintal dos EUA.
Após a Segunda Guerra Mundial, Cuba tornou-se uma
área de investimento e de entretenimento da burguesia norte americana, que
investia em atividades econômicas e explorava a mão de obra dos cubanos. Daí
serem, na época, flagrantes os efeitos sociais dessa dependência, em que
se verificou um quadro de miséria, de analfabetismo e de prostituição de jovens
cubanos.
O processo revolucionário
Imagens dos Jovens Barbudos Cubanos em Sierra Maestra
Em 1953, sob a liderança de jovens da classe média, teve início o movimento de luta contra a ditadura Batista. Em 26 de Julho ocorreu a tentativa de tomada do Quartel de Moncada. O fracasso provocou a morte de muitos integrantes, outros foram presos como os irmãos Fidel e Raul, que posteriormente foram para o exílio no México. Em 1956, a bordo do barco Granma, cerca de 80 integrantes do movimento revolucionário voltaram à Cuba para retomar a luta política, entre eles Fidel, Raul, Camilo Cienfuegos, Juan Almeida, Ramiro Valdés, Francisco Medina e o jovem argentino Chê Guevara. Ao retornarem os revolucionários sofreram um novo revés, que os reduziu a um número, mais mítico do que real, de 20 homens.
Em 1953, sob a liderança de jovens da classe média, teve início o movimento de luta contra a ditadura Batista. Em 26 de Julho ocorreu a tentativa de tomada do Quartel de Moncada. O fracasso provocou a morte de muitos integrantes, outros foram presos como os irmãos Fidel e Raul, que posteriormente foram para o exílio no México. Em 1956, a bordo do barco Granma, cerca de 80 integrantes do movimento revolucionário voltaram à Cuba para retomar a luta política, entre eles Fidel, Raul, Camilo Cienfuegos, Juan Almeida, Ramiro Valdés, Francisco Medina e o jovem argentino Chê Guevara. Ao retornarem os revolucionários sofreram um novo revés, que os reduziu a um número, mais mítico do que real, de 20 homens.
Entre 1956 e 1º de janeiro de
1959 foi retomado e finalizado o movimento revolucionário, cuja vitória deve
muito à participação dos setores populares como camponeses, jovens e mulheres e
a organização do foco revolucionário de Sierra Maestra.
Eu sei que o mundo pensa de nós, somos comunistas, e, claro, eu tenho dito muito claramente que não somos comunistas, muito claramente. [ Fidel Castro após uma visita à Washington] |
Em 1º de janeiro de 1959
instalou-se o governo Fidel e com ele o início das reformas sociais como
a Reforma Agrária, a Reforma Urbana, a nacionalização da economia, a
política de combate ao analfabetismo, à miséria e à prostituição essas últimas,
com certeza as maiores mazelas do povo cubano.
Entretanto, os governos norte-americanos de Dwight
D. Eisenhower (1952/1960) e de seu sucessor John Fitzgerald Kennedy
(1960/1963), reagiram duramente ao novo governo cubano, através de medidas
como: boicote ao açúcar em 1960, o patrocínio a invasão à Baía dos Porcos
em 1961, a suspensão do governo de Cuba da OEA em 1962 e o decreto de embargo
econômico em 1962.
Cuba foi suspensa da OEA em 31 de janeiro de 1962, após o seu governo declarar o caráter socialista da Revolução Cubana e se aliar à URSS. Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador e México se abstiveram. A decisão se fundamentou na concepção de que o marxismo-leninismo era incompatível com o sistema interamericano e representava uma ameaça a unidade do continente |
Local das rampas de lançamento dos mísseis soviéticos |
A pressão dos EUA foi compensada pela cooperação soviética. A URSS passou a comprar o açúcar cubano e a fornecer petróleo a preços preferenciais. Foi isso que possibilitou aos cubanos os consideráveis avanços nos campos da Educação, Esportes e da Medicina. Por outro lado, esse alinhamento à URSS foi responsável pelo momento de maior tensão da Guerra Fria, a Crise dos Mísseis de 1962 (já abordada em unidade anterior). A partir da ascensão de Mikhail Gorbatchev na URSS, Cuba passou a enfrentar uma série de dificuldades em razão do corte na cooperação soviética e ampliadas com o fim da URSS em 1991. O herdeiro político da URSS, Boris Ieltsin não sinalizou com a possibilidade de manter a política de sustentação à Cuba, como ocorria em tempos soviéticos.
Cuba após a Guerra Fria
Mudanças econômicas, nova agenda diplomática e o limitado diálogo com os EUA Cuba passou por muitas transformações após a Guerra Fria. A economia está mais diversificada e o país logrou escapar do isolamento internacional, estabelecendo parcerias com China, União Europeia e América Latina. Além disso, a transformação na comunidade cubano-americana coloca em posições de influência ativistas mais jovens, com maior disposição para o diálogo com os Estados Unidos, inclusive em temas comerciais. Contudo, é difícil que as negociações avancem em pontos controversos, pela relutância de Havana em liberalizar o regime político.
(Revista
Brasileira de Política Internacional)
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Chile (a experiência socialista)
Salvador Allende |
Em 1970, após três sucessivas derrotas
eleitorais, Salvador Allende elegeu-se Presidente do Chile como candidato de
uma frente de esquerda, a Unidade Popular. A presidência de Allende
foi marcada por uma política de socialização da economia, que se baseava na
nacionalização das reservas minerais do cobre e do salitre, dos bancos e adoção
de um programa de reforma agrária. Entretanto, vale ressaltar o compromisso de
Allende de construir um socialismo democrático e pluripartidário.
Ao longo dos seus três anos de governo, Allende
enfrentou a oposição dos empresários chilenos, que pressionaram o governo com a
redução do abastecimento o que pressionou a inflação, elevando-a a quase 400%
em 1973. Além disso, a pressão norte-americana também recaiu sobre o governo
Allende através do boicote comercial, agravado com o decreto de embargo
econômico, e com a articulação da CIA com os setores
chilenos, entre os quais os militares, para a deflagração do Golpe
Militar de 11 de setembro de 1973. A vitória dos golpistas resultou na
instalação da ditadura do General Augusto Pinochet.
General Pinochet |
Em 1988, apoiado nos números
da economia, o General Pinochet propôs a realização de um plebiscito, no
qual ele pedia ao eleitor chileno o direito de permanência no cargo por mais 8
anos. Entretanto, a resposta da sociedade chilena foi um rotundo
NÃO.
Derrotado no plebiscito
Pinochet não pode evitar o reingresso do Chile à democracia. Mas antes de
passar o poder ao presidente eleito Patrice Aylwin, ele atribuiu a
condição de senador vitalício de modo a se beneficiar da
imunidade parlamentar.
Nicarágua (A Revolução Sandinista de 1979)
Em julho de 1979, caiu uma das mais longevas
ditaduras da América Latina, a da Família dos Somozas na Nicarágua.
Os Somozas estiveram no poder de 1934 até a vitória da Frente Sandinista
de Libertação Nacional, que os derrubou após 18 anos de luta.
Sandino líder camponês e nacionalista, responsável pela resistência a ocupação norte-americana.
Após a saída das forças de intervenção, Sandino foi assassinado por ordem do comandante da Guarda Nacional Anastácio Somoza Garcia, o que deu início a longa ditadura somozista.
Daniel Ortega com Fidel Castro |
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Em 1961, inspirados na Revolução Cubana, jovens nicaraguenses e marxistas criaram a FSLN e deram início à luta contra a ditadura. Em 1978 a morte do líder liberal e proprietário do Jornal La Prensa Pedro Joaquim Chamorro, provocou uma onda protestos e greves, que pressionaram o governo Anastácio Somoza Debayle e favoreceram a tomada de poder pelos Sandinistas, com a tomada do Palácio Presidencial em Manágua
Entretanto, na década de 1980
os sandinistas enfrentaram uma Guerra Civil protagonizada
pelos Contras, formados por velhos integrantes da Guarda Nacional,
estes apoiados pelo governo norte-americano de Ronald Reagan, que
transferiu grande soma de recursos financeiros para financiar os Contras.
Em 1984 os sandinistas
promoveram eleições em que Daniel Ortega foi eleito presidente
com 60% dos votos. Entretanto, além do boicote da oposição, o resultado
eleitoral não foi reconhecido pelos Estados Unidos o que não criou um ambiente
de pacificação do país. A pressão sobre os sandinistas, o quadro de paralisia
econômica e a inflação crescente, foi decisivo para a derrota de Daniel Ortega
frente a candidatura oposicionista de Violeta Chamorro da União
Nacional de Oposição e viúva de Pedro Joaquim Chamorro.
Argentina (o Peronismo 1945/1955 – 1973/1974)
Em junho de 1943, houve um golpe militar contra o governo Castillo (representante da oligarquia argentina) promovido pelo grupo da Obra da Unificação ou Grupo dos Oficiais Unidos, constituídos por jovens oficiais simpatizantes do fascismo. Entre eles estava o coronel Juan Domingo Perón, filho de pecuarista.
Peron ao lado de Evita |
Fora da prisão Perón criou o Partido
Lavorista, que se tornou um verdadeiro furacão nas eleições de 1946.
Perón elegeu-se presidente e o partido elegeu a maioria dos governadores de
Províncias e fez maioria no Poder Legislativo.
De 1946 a 1955 Perón cumpriu seus primeiros
mandatos. Nos primeiros anos dentro da euforia econômica provocada pelas
exportações de carne e de cereais para a Europa recém saída da II Guerra
Mundial. Foi nesse período, que o Estado, utilizando a receita gerada pelas
tarifas de exportação, investiu na infra-estrutura e também na nacionalização
de empresas de eletricidade, água, gás, telefonia e ferrovias (segundo seus
adversários políticos, Perón pagou verdadeiras fortunas por verdadeiras
sucatas) mas, por outro lado a exploração do petróleo foi entregue ao capital
externo, essa decisão teria sido pressionada pelo déficit da Balança
Comercial e pelo endividamento externo no seu segundo mandato.
Em busca de uma base de sustentação política, Perón
adotou alguns procedimentos como: neutralização na relação
capital-trabalho e a criação do Estado Justicialista, ou seja,
promotor da justiça social através das leis sociais, do programa de habitação e
de investimentos em educação. Ao mesmo tempo, sob a conduta de Eva Perón à
frente da política social, Perón foi divinizado (só há um Perón, ele é um
Deus para nós, nosso sol, nosso ar, a nossa vida...). Eva Perón foi
transformada em protetora dos descamisados argentinos. Para
homenageá-la empenhou-se pela adoção do voto feminino.
Com essa visão de justiça e de apoio aos anseios dos
trabalhadores, Perón criou uma importante base de sustentação sindical através
da CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) dirigida por pelegos, que
em troca de benefícios, garantiam a disciplina no trabalho e a passividade dos
trabalhadores. Em 1949 Perón conseguiu a promulgação de uma nova Constituição,
que admitia a prática da censura, que proibia a ocorrência de greves, abrindo
caminho para a coerção da oposição, em particular dos comunistas.
Nos anos 1950, a euforia econômica deu lugar a
crise. As exportações caíram, pois a Europa diminuiu suas compras e a Argentina
passou a enfrentar a concorrência da Austrália e do Canadá. Com isso a pressão
sobre Perón aumentou, de um lado os descamisados em razão do
aumento do desemprego do outro lado os empresários e latifundiários em razão da
inflação da queda da economia. Se não bastasse isso, Perón perdeu a sua mais
importante aliada. Em 26 de julho de 1952 morreu Eva Perón, vítima de câncer,
aos 33 anos e se indispôs com a Igreja Católica ao apoiar a Lei do Divórcio.
Nesse quadro politicamente contrário, Perón tentou
contra atacar, disparando contra os Estados Unidos, acusando-os de estarem
conspirando contra a Argentina e apoiando os inimigos do governo. Nesse
ambiente convocou os descamisados para se juntarem a ele contra as elites,
apresentadas como inimigas do povo e ameaçou adotar o nacionalismo econômico
contra os interesses internacionais. Os Estados Unidos reagiram apoiando os
grupos internos, na articulação de um Golpe de Estado liderado
pelo general Aramburu. Aparentemente se fechava o ciclo peronista. Puro
engano.
De 1955 a 1973 Perón esteve no exílio na Espanha do Generalíssimo
Francisco Franco (coincidência?). Enquanto isso a Argentina enfrentava uma fase
de governos militares, nem sempre legalistas. Ao mesmo tempo, surgiu dentro do
peronismo o movimento radical de esquerda, os Montoneros não
obedientes a Perón, que pregavam a luta armada contra o regime.
Peron com Isabelita, eleitos em 1973 Isabelita presidenta
Em 1973 a Argentina experimentou uma redemocratização com a marcação das eleições livres e diretas. Nesse novo pleito, os peronistas apresentaram a candidatura de Hector Câmpora, cujo slogan de campanha era “Câmpora no governo, Perón no poder”. Demonstrando força os peronistas venceram, Câmpora elegeu-se Presidente. Como uma crônica anunciada, Câmpora governou de 25 de maio a 13 de julho de 1973. No curto período que ocupou a Casa Rosada, ele anistiou os presos políticos, promoveu aumento salariais e congelamento de preços, o que provocou uma queda considerável da inflação. Com sua renúncia, foi convocada uma nova eleição da qual Perón com seus direitos políticos restabelecidos pode participar. Perón foi candidato à Presidência da República, tendo sua esposa Maria Estela Martinez de Perón, a Isabelita.
Perón foi eleito com 62% dos votos, mas com a saúde muito
frágil, faleceu em 1974 em 1 de julho. Isabelita foi empossada no mesmo dia e
governou a Argentina até 24 de março de 1976, em que foi deposta por uma Junta
Militar. Esse golpe não surpreendeu, porque Isabelita foi acusada de não ter
liderança e capacitação para conduzir os destinos da Argentina.
Mães da Praça de Mayo Guerra das Malvinas
Entretanto, a despeito das desconfianças da competência de Isabelita, no seu curto governo a Argentina teve crescimento econômico, queda da inflação, aumento de salário e das pensões e ampliação da licença maternidade, ela se conduzia como Perón agiria se estivesse vivo. Não por acaso ela teve um grande apoio popular. Mas isso não impediu o Golpe liderado pelo General Jorge Rafael Videla.
Entre 1976 e 1983 a Argentina
experimentou uma ditadura militar nos moldes da brasileira ou
da Chilena, ou seja, supressão da liberdade de expressão, dos partidos
políticos, dos sindicatos, das centrais sindicais e das eleições. Além disso, a
exemplo das ditaduras vizinhas, na Argentina a repressão foi intensa com as
prisões, a tortura, as execuções e os sequestros de crianças, filhas das
mulheres e homens que participavam da luta armada contra o regime.
Ao longo desses 7 anos
organizou-se o Movimento das Mães da Praça de Mayo. Mulheres que se
reuniam diariamente na praça para reclamar notícias sobre seus filhos
desaparecidos. A medida que as manifestações contra a ditadura
recrudesciam, os militares exaltaram o nacionalismo, invocando o direito
argentino sobre as Ilhas Malvinas, desde 1833 sob domínio britânico. Segundo os
militares argentinos, as Malvinas constituem parte indivisível da Argentina
ocupada por invasores. De abril a Junho de 1982 ocorreu a Guerra das Malvinas
ou Guerra do Atlântico Sul entre a Argentina e o Reino Unido. A guerra terminou
evidenciando a supremacia britânica e provocando a morte de 907 pessoas entre
argentinos e britânicos. A Guerra teve repercussão tanto entre os argentinos
quanto entre os britânicos. Na Argentina aumentou a pressão sobre a ditadura.
No Reino Unido, a vitória contribuiu para a vitória dos Conservadores liderados
por Margareth Thatcher.
Passagem da Faixa presidencial para Raul Alfonsin
pelo Gal Reynaldo Bignone, último general presidente.
Passagem da Faixa presidencial para Raul Alfonsin
pelo Gal Reynaldo Bignone, último general presidente.
Em 10 de dezembro de 1983 era
finalizado o processo de transição para a democracia com a posse do Presidente
Raul Alfonsín da UCR (União Cívica Radical) eleito democraticamente. Assim
terminava um período sombrio da história argentina, que vitimou milhares de
pessoas utilizando métodos de execução em massa como nos famosos vôos da morte.
Bolívia (Um indígena e cocaleiro na presidência)
Bolívia (Um indígena e cocaleiro na presidência)
A Bolívia um das mais pobres países da América
Latina iniciou, em 2005, uma mudança de rumos com a eleição de Evo
Morales, candidato do Movimento ao Socialismo (MAS). Em
seu primeiro mandato, ele foi reeleito pela segunda vez, Evo,
cumprindo promessa de campanha nacionalizou as reservas de
hidrocarbonetos, decisão que atingiu a Petrobrás presente
na extração mineral boliviana.
Além disso, também iniciou a
política de reforma agrária. Com relação da produção de coca pelos indígenas, a
posição de Evo Morales é muito clara, para ele “folha de coca não é droga”,
mascá-las é uma tradição indígena.
Embora o tráfico de drogas seja um
problema internacional, a nova posição assumida pela Bolívia devolve aos
mercados consumidores de drogas o problema ocasionado pela apropriação, para
fins ilícitos, de uma planta de uso tradicional - a coca.
Segundo Morales, "haverá zero cocaína, zero tráfico de drogas, mas não zero
coca." Assim, a posição do governo boliviano é de que os
costumes indígenas não devem ser afetados pela política de repressão ao
tráfico de drogas.
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