sábado, 29 de julho de 2017

Unidade XXVII: A América Latina no século XX

A América Latina no século XX

México (A Revolução de 1910)
    
“Quando se estabelecer a Nova República, não mais haverá exércitos no México. Os exércitos são os maiores apoios da tirania. Não pode haver ditador sem seu exército”.                          
                         [ Pancho Villa, in México Rebelde de John Reed pag. 121)


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Villa e seu Exército
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Emiliano Zapata 
A Revolução ocorrida no México é tratada como uma Revolução Camponesa. Entretanto, em nenhum momento  coube as lideranças populares ocuparem o poder, Emiliano Zapata e Pancho Villa líderes do campesinato defenderam uma via reformista e conciliada que não exigia a presença deles no poder.


    



















   
     Em 1910 era presidente mexicano o General Porfírio Diaz no poder desde 1876 utilizando práticas autoritárias e apoiando-se nas elites proprietárias. Ao longo desses 35 anos o Porfiriato, como ficou conhecido o período do general no poder, favoreceu a concentração de terras, a exploração da mão de obra indígena em sua maioria formada por indivíduos analfabetos, facilitou também o ingresso de capitais estrangeiros, em particular norte americano, na exploração mineral, no incipiente setor industrial, no setor dos bancos e na exportação de produtos.
     Nesse ano realizou-se mais uma eleição para a Presidência da República, nessa oportunidade foi apresentada a candidatura de oposição à reeleição General Diaz, de Francisco Madero, que tinha apoio de setores populares e do Movimento Camponês, particularmente de Pancho Villa. Ao longo da campanha, Madero foi preso sob a acusação de crime político, inviabilizando qualquer possibilidade de vitória no pleito. Novamente eleito presidente o General Diaz enfrentou uma onde de protestos das classes populares camponeses, greves urbanas. Essas manifestações foram articuladas por Madero exilado no Texas com as lideranças camponesas pelo Pacto de San Luis.
     Foi nesse momento que emergiram as lideranças camponesas de Zapata e de Villa. Zapata no sul, através do Plano Ayala tornou-se um defensor da devolução das terras aos índios dentro ou fora da lei. Pancho Villa no norte do país juntou-se a Zapata para juntos defenderem a Reforma Agrária sob o lema Tierra y Libertad.
     A pressão do movimento camponês levou o general Diaz a uma  renúncia negociada e a formação de um governo de transição, até a realização de novas eleições. Esse governo foi ocupado por Francisco Madero. Posteriormente eleito presidente, Madero ocupou o poder até 1914, ano em que foi assassinado por um golpe militar liderado pelo General Victoriano Huerta, cujo nome estava ligado ao do general Porfírio e aos interesses britânicos. Imediatamente os camponeses liderados por Zapata e Villa voltaram às manifestações. A pressão popular levou Huerta à renúncia. Vale ressaltar que os Estados Unidos sob governo Woodrow Wilson não deram apoio ao golpe e cortaram a venda de armas ao país.
     Com a saída de Huerta, buscou-se uma solução conciliada entre os camponeses e as elites, que chegou ao nome de Venustiano Carranza, nome apoiado pelos Estados Unidos. Em 1917 uma nova Carta Constitucional foi promulgada. Nela estava previsto o direito do Estado de desapropriar terras para fins de reforma agrária, também constava uma Legislação Social (leis trabalhistas) reivindicada pelos movimentos populares e o controle do Estado sobre o subsolo. A Constituição tinha uma cara reformista e moderadamente nacionalista.
     A Constituição não foi garantia para a realização da reforma agrária, o que incentivou frequentes manifestações camponesas. Entretanto, com os assassinatos de Zapata em 1919 e de Villa em 1923 essas manifestações se enfraqueceram, permitindo às elites mexicanas, através do PRI (Partido Revolucionário Institucional), ocuparem o poder ao longo de quase todo o século XX, exceto no breve período de 1934/1940, que o México teve um governo de cunho nacionalista e reformista do presidente Lázaro Cárdenas. Cárdenas promoveu um avanço na distribuição de terras e adotou uma política nacionalista, que resultou na criação da Pemex (Cia estatal de petróleo do México).
     Nos anos 1990 reacendeu-se a luta camponesa no país, coma formação do EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional), instalado na região de Chiapas no sul do México, que representa a retomada da incansável luta dos camponeses pela REFORMA AGRÁRIA.


A Revolução Cubana (1959)
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             Imagens das comemorações pela vitória da Revolução      

     Em meio a Guerra Fria, em 1959 instalou-se na América Latina, embaixo do nariz dos Estados Unidos, o governo revolucionário cubano após uma árdua luta dos jovens barbudos contra a ditadura de Fulgêncio Batista, sob a liderança de Fidel Castro e com uma extraordinária participação do jovem médico argentino Ernesto Guevara de La Senra, o Chê. Em abril de 1961, definiu-se a opção cubana pelo socialismo e pelo alinhamento à URSS, a Guerra Fria chegava à América Latina.

Antecedentes
     Em 1898 após décadas de luta contra o domínio espanhol, Cuba tornou-se independente. Entretanto, a vitória da luta de libertação contou com apoio dos Estados Unidos através da Guerra Hispano Norte Americana no Caribe e isso custou aos cubanos a assinatura de um acordo, que se tornou parte integrante da Constituição Cubana, a Emenda Platt. Por ela os Estados Unidos passaram a ter o direito de intervir na Ilha em nome da democracia, da liberdade, da justiça social e da segurança. Além disso,  os Estados Unidos passaram a ter o direito de preferência na compra do açúcar de Cuba e também obtiveram a cessão do território, em regime de aluguel, para a instalação da Base Militar de Guantánamo. Desse modo Cuba tornou-se um Protetorado norte americano, uma área satélite.
     Na década de 1930, numa onda de nacionalismo que varreu o mundo, a Emenda Platt foi revogada. Entretanto, isso não implicou tirar Cuba da órbita dos Estados Unidos, a dependência econômica e a influência política se mantiveram, sobretudo, com a ascensão de Fulgêncio Batista, inicialmente eleito em 1940 e posteriormente, em 1952, ao participar de um Golpe Político. No período em que esteve a frente do governo cubano, Batista tornou-se subalterno aos interesses norte americanos e levou o país a se tornar um verdadeiro quintal dos EUA. 
     Após a Segunda Guerra Mundial, Cuba tornou-se uma área de investimento e de entretenimento da burguesia norte americana, que investia em atividades econômicas e explorava a mão de obra dos cubanos. Daí serem, na época,  flagrantes os efeitos sociais dessa dependência, em que se verificou um quadro de miséria, de analfabetismo e de prostituição de jovens cubanos.


O processo revolucionário
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                  Imagens dos Jovens Barbudos Cubanos em Sierra Maestra

    Em 1953, sob a liderança de jovens da classe média, teve início o movimento de luta contra a ditadura Batista. Em 26 de Julho ocorreu a tentativa de tomada do Quartel de Moncada. O fracasso provocou a morte de muitos integrantes, outros foram presos como os irmãos Fidel e Raul, que posteriormente foram para o exílio no México. Em 1956, a bordo do barco Granma, cerca de 80 integrantes do movimento revolucionário voltaram à Cuba para retomar a luta política, entre eles Fidel, Raul, Camilo Cienfuegos, Juan Almeida, Ramiro Valdés, Francisco Medina e o jovem argentino Chê Guevara. Ao retornarem os revolucionários sofreram um novo revés, que os reduziu a um número, mais mítico do que real, de 20 homens.
     Entre 1956 e 1º de janeiro de 1959 foi retomado e finalizado o movimento revolucionário, cuja vitória deve muito à participação dos setores populares como camponeses, jovens e mulheres e a organização do foco revolucionário de Sierra Maestra.


Eu sei que o mundo pensa de nós, somos comunistas, e, claro, eu tenho dito muito  claramente que não somos comunistas, muito claramente.    

[ Fidel Castro após uma visita à Washington]
  
     Em 1º de janeiro de 1959 instalou-se o governo Fidel e com ele o início das reformas sociais como a Reforma Agrária, a Reforma Urbana, a nacionalização da economia, a política de combate ao analfabetismo, à miséria e à prostituição essas últimas, com certeza as maiores mazelas do povo cubano.
     Entretanto, os governos norte-americanos de Dwight D. Eisenhower (1952/1960) e de seu sucessor John Fitzgerald Kennedy (1960/1963), reagiram duramente ao novo governo cubano, através de medidas como: boicote ao açúcar em 1960, o patrocínio a invasão à Baía dos Porcos em 1961, a suspensão do governo de Cuba da OEA em 1962 e o decreto de embargo econômico em 1962.

Cuba foi suspensa da OEA em 31 de janeiro de 1962, após o seu governo declarar o caráter socialista da Revolução Cubana e se aliar à URSS. Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador e México se abstiveram. A decisão se fundamentou na concepção de que o marxismo-leninismo era incompatível com o sistema interamericano e representava uma ameaça a unidade do continente
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Local das rampas de lançamento dos mísseis soviéticos

     A pressão dos EUA foi compensada pela cooperação soviética. A URSS passou a comprar o açúcar cubano e a fornecer petróleo a preços preferenciais. Foi isso que possibilitou aos cubanos os consideráveis avanços nos campos da Educação, Esportes e da Medicina. Por outro lado, esse alinhamento à URSS foi responsável pelo momento de maior tensão da Guerra Fria, a Crise dos Mísseis de 1962 (já abordada em unidade anterior). A partir da ascensão de Mikhail Gorbatchev na URSS, Cuba passou a enfrentar uma série de dificuldades em razão do corte na cooperação soviética e ampliadas com o fim da URSS em 1991. O herdeiro político da URSS, Boris Ieltsin não sinalizou com a possibilidade de manter a política de sustentação à Cuba, como ocorria em tempos soviéticos.

                                   Cuba após a Guerra Fria


     Mudanças econômicas, nova agenda diplomática e o limitado diálogo com os EUA Cuba passou por muitas transformações após a Guerra Fria. A economia está mais diversificada e o país logrou escapar do isolamento internacional, estabelecendo parcerias com China, União Europeia e América Latina. Além disso, a transformação na comunidade cubano-americana coloca em posições de influência ativistas mais jovens, com maior disposição para o diálogo com os Estados Unidos, inclusive em temas comerciais. Contudo, é difícil que as negociações avancem em pontos controversos, pela relutância de Havana em liberalizar o regime político.
(Revista Brasileira de Política Internacional) 


Chile (a experiência socialista)
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Salvador Allende
     Em 1970, após três sucessivas derrotas eleitorais, Salvador Allende elegeu-se Presidente do Chile como candidato de uma frente de esquerda, a Unidade Popular. A presidência de Allende foi marcada por uma política de socialização da economia, que se baseava na nacionalização das reservas minerais do cobre e do salitre, dos bancos e adoção de um programa de reforma agrária. Entretanto, vale ressaltar o compromisso de Allende de construir um socialismo democrático e pluripartidário.
     Ao longo dos seus três anos de governo, Allende enfrentou a oposição dos empresários chilenos, que pressionaram o governo com a redução do abastecimento o que pressionou a inflação, elevando-a a quase 400% em 1973. Além disso, a pressão norte-americana também recaiu sobre o governo Allende através do boicote comercial, agravado com o decreto de embargo econômico, e com a articulação da CIA com os setores chilenos, entre os quais os militares, para a deflagração do Golpe Militar de 11 de setembro de 1973. A vitória dos golpistas resultou na instalação da ditadura do General Augusto Pinochet.

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General Pinochet
    Entre 1973 e 1989 o Chile experimentou uma ditadura, que provocou milhares de prisões, de desaparecidos e de mortos, todas elas vítimas da repressão do governo Pinochet. Em seus dezesseis anos de poder Pinochet suspendeu os partidos políticos, extinguiu as eleições, suprimiu a liberdade de expressão adotou uma política econômica neoliberal na qual desnacionalizou a economia como desejavam os Estados Unidos sob o governo republicano de Richard Nixon.
     Em 1988, apoiado nos números da economia, o General Pinochet propôs a realização de um plebiscito, no qual ele pedia ao eleitor chileno o direito de permanência no cargo por mais 8 anos. Entretanto, a resposta da sociedade chilena foi um rotundo NÃO. 
     Derrotado no plebiscito Pinochet não pode evitar o reingresso do Chile à democracia. Mas antes de passar o poder ao presidente eleito Patrice Aylwin, ele atribuiu a condição de senador vitalício de modo a se beneficiar da imunidade parlamentar.

Nicarágua (A Revolução Sandinista de 1979)

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     Em julho de 1979, caiu uma das mais longevas ditaduras da América Latina, a da Família dos Somozas na Nicarágua. Os Somozas estiveram no poder de 1934 até a vitória da Frente Sandinista de Libertação Nacional, que os derrubou após 18 anos de luta.
     A Nicarágua, na primeira metade do século XX, sofreu duas intervenções norte americanas baseadas no Big Stick. Foi nessa conjuntura, que nos anos 1920 emergiu a liderança de Augusto César 
Sandino líder camponês e nacionalista, responsável pela resistência a ocupação norte-americana.   
     Após a saída das forças de intervenção, Sandino foi assassinado por ordem do comandante da Guarda Nacional Anastácio Somoza Garcia, o que deu início a longa ditadura somozista.
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Daniel Ortega com Fidel Castro
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 Em 1961, inspirados na Revolução Cubana, jovens nicaraguenses e marxistas criaram a FSLN e deram início à luta contra a ditadura. Em 1978 a morte do líder liberal e proprietário do Jornal La Prensa Pedro Joaquim Chamorro, provocou uma onda protestos e greves, que pressionaram o governo Anastácio Somoza Debayle e favoreceram a tomada de poder pelos Sandinistas, com a tomada do Palácio Presidencial em Manágua
     Na fase sandinista no governo Daniel Ortega,  a Nicarágua passou por mudanças como: a substituição da Guarda Nacional pelo Exército Popular Sandinista; a desapropriação de terras para reforma agrária; a política de combate ao analfabetismo; a política de saúde; aproximação com os países socialistas e, sem nenhuma surpresa, o distanciamento dos Estados Unidos.
  Entretanto, na década de 1980 os sandinistas enfrentaram uma Guerra Civil protagonizada pelos Contras, formados por velhos integrantes da Guarda Nacional, estes apoiados pelo governo norte-americano de Ronald Reagan, que transferiu grande soma de recursos financeiros para financiar os Contras.
     Em 1984 os sandinistas promoveram eleições em que Daniel Ortega foi eleito presidente com 60% dos votos. Entretanto, além do boicote da oposição, o resultado eleitoral não foi reconhecido pelos Estados Unidos o que não criou um ambiente de pacificação do país. A pressão sobre os sandinistas, o quadro de paralisia econômica e a inflação crescente, foi decisivo para a derrota de Daniel Ortega frente a candidatura oposicionista  de Violeta Chamorro da União Nacional de Oposição e viúva de Pedro Joaquim Chamorro.

Argentina (o Peronismo 1945/1955 – 1973/1974)


     Em junho de 1943, houve um golpe militar contra o governo Castillo (representante da oligarquia argentina) promovido pelo grupo da Obra da Unificação ou Grupo dos Oficiais Unidos, constituídos por jovens oficiais simpatizantes do fascismo. Entre eles estava o coronel Juan Domingo Perón, filho de pecuarista.
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Peron ao lado de Evita
     No governo que se instalou sob a direção de Pedro Ramirez, Perón ocupou a Pasta do Trabalho e do Bem-Estar Social na qual defendeu a formação de sindicatos, a criação da Previdência Social, o aumento dos salários e a criação das leis sociais ou trabalhistas. Acusado de agir de forma demagógica foi afastado do governo e sofreu uma prisão disciplinar. Entretanto, uma grande manifestação popular na Praça de Mayo pressionou o governo a libertá-lo. Estima-se que a manifestação organizada por Eva Perón reuniu cerca de 300 mil pessoas. Eva Perón, esposa do Coronel se transformou no ícone da política assistencialista do governo populista de Perón.
     Fora da prisão Perón criou o Partido Lavorista, que se tornou um verdadeiro furacão nas eleições de 1946. Perón elegeu-se presidente e o partido elegeu a maioria dos governadores de Províncias e fez maioria no Poder Legislativo.
     De 1946 a 1955 Perón cumpriu seus primeiros mandatos. Nos primeiros anos dentro da euforia econômica provocada pelas exportações de carne e de cereais para a Europa recém saída da II Guerra Mundial. Foi nesse período, que o Estado, utilizando a receita gerada pelas tarifas de exportação, investiu na infra-estrutura e também na nacionalização de empresas de eletricidade, água, gás, telefonia e ferrovias (segundo seus adversários políticos, Perón pagou verdadeiras fortunas por verdadeiras sucatas) mas, por outro lado a exploração do petróleo foi entregue ao capital externo, essa decisão teria sido pressionada pelo déficit da Balança Comercial  e pelo endividamento externo no seu segundo mandato.
     Em busca de uma base de sustentação política, Perón adotou alguns procedimentos como: neutralização na relação capital-trabalho e a criação do Estado Justicialista, ou seja, promotor da justiça social através das leis sociais, do programa de habitação e de investimentos em educação. Ao mesmo tempo, sob a conduta de Eva Perón à frente da política social, Perón foi divinizado (só há um Perón, ele é um Deus para nós, nosso sol, nosso ar,  a nossa vida...). Eva Perón foi transformada em protetora dos descamisados argentinos. Para homenageá-la empenhou-se pela adoção do voto feminino.
     Com essa visão de justiça e de apoio aos anseios dos trabalhadores, Perón criou uma importante base de sustentação sindical através da CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) dirigida por pelegos, que em troca de benefícios, garantiam a disciplina no trabalho e a passividade dos trabalhadores. Em 1949 Perón conseguiu a promulgação de uma nova Constituição, que admitia a prática da censura, que proibia a ocorrência de greves, abrindo caminho para a coerção da oposição, em particular dos comunistas.
     Nos anos 1950, a euforia econômica deu lugar a crise. As exportações caíram, pois a Europa diminuiu suas compras e a Argentina passou a enfrentar a concorrência da Austrália e do Canadá. Com isso a pressão sobre Perón aumentou, de um lado os descamisados em razão do aumento do desemprego do outro lado os empresários e latifundiários em razão da inflação da queda da economia. Se não bastasse isso, Perón perdeu a sua mais importante aliada. Em 26 de julho de 1952 morreu Eva Perón, vítima de câncer, aos 33 anos e se indispôs com a Igreja Católica ao apoiar a Lei do Divórcio.
     Nesse quadro politicamente contrário, Perón tentou contra atacar, disparando contra os Estados Unidos, acusando-os de estarem conspirando contra a Argentina e apoiando os inimigos do governo. Nesse ambiente convocou os descamisados para se juntarem a ele contra as elites, apresentadas como inimigas do povo e ameaçou adotar o nacionalismo econômico contra os interesses internacionais. Os Estados Unidos reagiram apoiando os grupos internos, na articulação de um Golpe de Estado liderado pelo general Aramburu. Aparentemente se fechava o ciclo peronista. Puro engano.
     De 1955 a 1973 Perón esteve no exílio na Espanha do Generalíssimo Francisco Franco (coincidência?). Enquanto isso a Argentina enfrentava uma fase de governos militares, nem sempre legalistas. Ao mesmo tempo, surgiu dentro do peronismo o movimento radical de esquerda, os Montoneros não obedientes a Perón, que pregavam a luta armada contra o regime.
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           Peron com Isabelita, eleitos em 1973                    Isabelita presidenta

  Em 1973 a Argentina experimentou uma redemocratização com a marcação das eleições livres e diretas. Nesse novo pleito, os peronistas apresentaram a candidatura de Hector Câmpora, cujo slogan de campanha era “Câmpora no governo, Perón no poder”. Demonstrando força os peronistas venceram, Câmpora elegeu-se Presidente. Como uma crônica anunciada, Câmpora governou de 25 de maio a 13 de julho de 1973. No curto período que ocupou a Casa Rosada, ele anistiou os presos políticos, promoveu aumento salariais e congelamento de preços, o que provocou uma queda considerável da inflação. Com sua renúncia, foi convocada uma nova eleição da qual Perón com seus direitos políticos restabelecidos pode participar. Perón foi candidato à Presidência da República, tendo sua esposa Maria Estela Martinez de Perón, a Isabelita.
    Perón foi eleito com 62% dos votos, mas com a saúde muito frágil, faleceu em 1974 em 1 de julho. Isabelita foi empossada no mesmo dia e governou a Argentina até 24 de março de 1976, em que foi deposta por uma Junta Militar. Esse golpe não surpreendeu, porque Isabelita foi acusada de não ter liderança e capacitação para conduzir os destinos da Argentina.
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             Mães da Praça de Mayo                                  Guerra das Malvinas

  Entretanto, a despeito das desconfianças da competência de Isabelita, no seu curto governo a Argentina teve crescimento econômico, queda da inflação, aumento de salário e das pensões e ampliação da licença maternidade, ela se conduzia como Perón agiria se estivesse vivo.  Não por acaso ela teve um grande apoio popular. Mas isso não impediu o Golpe liderado pelo General Jorge Rafael Videla.
     Entre 1976 e 1983 a Argentina experimentou uma ditadura militar nos moldes da brasileira ou da Chilena, ou seja, supressão da liberdade de expressão, dos partidos políticos, dos sindicatos, das centrais sindicais e das eleições. Além disso, a exemplo das ditaduras vizinhas, na Argentina a repressão foi intensa com as prisões, a tortura, as execuções e os sequestros de crianças, filhas das mulheres e homens que participavam da luta armada contra o regime.

      Ao longo desses 7 anos organizou-se o Movimento das Mães da Praça de Mayo. Mulheres que se reuniam diariamente na praça para reclamar notícias sobre seus filhos desaparecidos. A medida que as manifestações contra a ditadura recrudesciam, os militares exaltaram o nacionalismo, invocando o direito argentino sobre as Ilhas Malvinas, desde 1833 sob domínio britânico. Segundo os militares argentinos, as Malvinas constituem parte indivisível da Argentina ocupada por invasores. De abril a Junho de 1982 ocorreu a Guerra das Malvinas ou Guerra do Atlântico Sul entre a Argentina e o Reino Unido. A guerra terminou evidenciando a supremacia britânica e provocando a morte de 907 pessoas entre argentinos e britânicos. A Guerra teve repercussão tanto entre os argentinos quanto entre os britânicos. Na Argentina aumentou a pressão sobre a ditadura. No Reino Unido, a vitória contribuiu para a vitória dos Conservadores liderados por Margareth Thatcher.
Raúl Alfonsín recebe a faixa presidencial do general Reynaldo Bignone, pondo fim ao último período do militar
Passagem da Faixa presidencial para Raul Alfonsin 
pelo Gal Reynaldo Bignone, último general presidente.

     Em 10 de dezembro de 1983 era finalizado o processo de transição para a democracia com a posse do Presidente Raul Alfonsín da UCR (União Cívica Radical) eleito democraticamente. Assim terminava um período sombrio da história argentina, que vitimou milhares de pessoas utilizando métodos de execução em massa como nos famosos vôos da morte.

Bolívia (Um indígena e cocaleiro na presidência)

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     A Bolívia um das mais pobres países da América Latina iniciou, em 2005, uma mudança de rumos com a eleição de Evo Morales, candidato do Movimento ao Socialismo (MAS). Em seu primeiro mandato, ele foi reeleito pela segunda vez, Evo, cumprindo promessa de campanha nacionalizou as reservas de hidrocarbonetos, decisão que atingiu a Petrobrás presente na extração mineral boliviana.
     Além disso, também iniciou a política de reforma agrária. Com relação da produção de coca pelos indígenas, a posição de Evo Morales é muito clara, para ele “folha de coca não é droga”, mascá-las é uma tradição indígena.

     Embora o tráfico de drogas seja um problema internacional, a nova posição assumida pela Bolívia devolve aos mercados consumidores de drogas o problema ocasionado pela apropriação, para fins ilícitos, de uma planta de uso tradicional - a coca.
     Segundo Morales, "haverá zero cocaína, zero tráfico de drogas, mas não zero coca." Assim, a posição do governo boliviano é de que os costumes indígenas não devem ser afetados pela política de repressão ao tráfico de drogas.

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