A Ásia após 1945
A independência da
Índia (1947)
Em 15 de agosto de 1947, foi
assinado um acordo pelo Reino Unido, pelo líder hindu Nehru e pelo líder
muçulmano Jinnah, no qual ficou estabelecida a emancipação do protetorado
britânico e, ao mesmo tempo, a definição do território destinado aos muçulmanos.
Após a independência foram
criados o Estado indiano e o Estado muçulmano, este ocupando dois territórios
separados pela Índia, denominados Paquistão Ocidental e Paquistão Oriental. Em
1972, após uma série de incidentes e conflitos entre os muçulmanos instalados
nos dois territórios, eles se separaram em dois Estados: Paquistão e República
de Bangladesh. Outra questão decorrente da partilha do território envolveu a
região da Caxemira, essa região foi dividida entre a Índia e o atual Paquistão.
Entretanto essa divisão até hoje é contestada pelos muçulmanos, que entendem
que a Caxemira deve ser integralmente deles por ser histórica e culturalmente
muçulmana. Decorre daí uma série interminável de conflitos entre os dois
Estados desde os anos 1950 e que oferece um risco terrível pelo fato de ambos
terem armas atômicas.
Com relação a independência
da Índia vale registrar, que ela fez parte da estratégia britânica de negociar
a emancipação de suas colônias, desde que pudesse manter os vínculos
econômicos, políticos e culturais com elas. Isso resultou no ingresso dessas
ex-colônias na Commonwealth (comunidade britânica) como foram os casos da
Índia, do Paquistão, da Nova Zelândia, da Austrália, do Canadá entre outras.
Em 1º de outubro de 1949 Mao
Tsé-Tung, o Grande Timoneiro, assumiu o poder após duas décadas de guerra
civil, iniciada em 1927, entre os comunistas e as forças governistas do Gal
Chiang Kay-Shek. Essa guerra teve um breve hiato entre 1937 e 1945, quando os
comunistas se dispuseram a combater a invasão japonesa ao país ao lado das
forças do governo.
Essa guerra civil teve início
quando o Gal Kay-Shek assumiu o poder em 1925 e não tardou a por fim a aliança
política interna da qual os comunistas faziam parte. Em 1927 Kay-Shek ordenou a
perseguição e prisão dos comunistas. Diante disso os comunistas repercutindo a
influência do Komintern deram início à luta armada contra o governo.
Inicialmente o movimento revolucionário se instalou nos centros urbanos, no
entanto após alguns insucessos, Mao Tsé-Tung liderou uma movimentação de +/-
100 mil homens em direção às províncias do interior da China, era a Longa Marcha. Nas províncias os guerrilheiros integraram-se
a comunidade camponesa e a inseriu no processo revolucionário, começando assim
a via camponesa da Revolução Chinesa.
A vitória do PCC fez com que
o governo Harry Truman dos Estados Unidos reagisse de modo a tentar diminuir o impacto dessa vitória no plano
internacional e no jogo de forças da Guerra Fria instalada a partir de 1947.
Assim Truman apoiou a transferência de Kay-Shek e seu governo para a Ilha de
Formosa (atual República de Taiwan) e empenhou-se para que na ONU a
representação chinesa na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança
permanecesse a cargo do governo Chiang Kay-Shek afastando, portanto o ingresso
de mais um governo comunista como membro permanente do Conselho de Segurança e
com direito de veto.
A China sob governo
comunista
Com a instalação da República
Popular da China em 1º de outubro de 1949, teve início o governo Mao
Tse-Tung dos comunistas naquele país. Na
década de 1950 os chineses intervieram no Tibete, participaram da Guerra civil
coreana em apoio aos norte coreanos, em oposição aos Estados Unidos e iniciaram
a realização do 1º Plano Quinquenal com o apoio dos soviéticos em 1953. Essa
cooperação entre Pequim e Moscou ficou abalada após a ascensão de Nikita
Kruschev na URSS, cujas diretrizes de governo mereceram críticas severas de
Mao.
Em 1956 Mao lançou a Campanha das Cem Flores
oferecendo à população o direito de criticar a classe dirigente. Entretanto,
isso se tornou um instrumento para que Mao identificasse os setores mais
resistentes ao PCC e pudesse reprimi-los.
Em 1958 Mao lançou o 2º Plano
Quinquenal, que ele denominou de Grande Salto cujo objetivo era transformar a
China numa potência industrial, mas os resultados foram decepcionantes, com
indicativo da ocorrência de numerosas mortes por fome.
As divergências entre Mao e
Kruschev resultaram num estremecimento das relações e o rompimento delas em
1962. A partir daí foram inúmeras as vezes que chineses e soviéticos estiveram
muito próximos de um conflito de gravíssimas proporções.
Em 1966 em razão do fracasso
do Grande Salto, que Mao atribuiu ao fato da sociedade não estar completamente
ideologizada, foi iniciada a Grande Revolução Cultural, que marcou o
endurecimento do regime e a utilização, em grande escala, da repressão. Além
disso, a Revolução Cultural impôs o fechamento econômico e cultural da China para o
exterior. A Revolução contou com apoio da juventude chinesa que integrou as
Guardas Vermelhas.
No início dos anos 1970 houve
uma aproximação entre Washington e Pequim promovida pelo governo Richard Nixon
e seu Secretário de Estado Henry Kissinger, cujo principal resultado foi o ingresso da China Popular na ONU, com a
exclusão da China Nacionalista. Em 1979 foram formalizadas as relações
diplomáticas entre os dois países. Essa aproximação fez parte de uma estratégia
norte americana de usar a China na contenção da influência soviética na Ásia.
Deng Xiao Ping, o Pai das Reformas Chinesas |
Em 1976 morreram Mao Tse-Tung
e Chou Em Lai os representantes da velha guarda do PCC. A morte de Mao abriu
uma disputa pelo poder entre o Grupo de Xangai liderado pela viúva de Mao,
Chiang Ching adepto da Revolução Cultural e o Grupo Reformista sob liderança de
Deng Xiao-Ping. A vitória do grupo de Xiao-Ping resultou na prisão, julgamento
e condenação do chamado Bando de Xangai ou Camarilha dos Quatro e na
implementação de uma política de mudança de rumos da economia com:
- a desorganização das Comunas
Populares (terras coletivas), incentivando a agricultura familiar e a criação
do mercado livre para o setor;
- a criação das ZEEs (zonas
econômicas especiais) o que atraiu investimentos estrangeiros para os setores
da indústria e de serviços. Nelas foram admitidas as relações capitalistas de
produção, isso formatou o que se denomina socialismo de mercado;
- a adoção do Programa das quatro
modernizações direcionado aos setores da ciência, da indústria, da tecnologia e
da defesa.
A Primavera de Pequim em 1989 |
Em razão de nova orientação do
governo chinês, abriu-se um canal de conversação com o governo do Reino Unido,
cujo resultado foi a devolução da Ilha de Hong-Kong aos chineses em julho de
1997
A Guerra da Coreia
(1950/1953)
Essa guerra entre as duas
Coreias teve início quando houve uma ofensiva da Coreia do Norte sobre o sul da
Península, numa tentativa de promover a reunificação do país. A Coreia na
Segunda Guerra esteve sob domínio japonês e foi libertada por uma ação
soviética e norte americana, o que deu as duas superpotências o “direito” de
promoverem a sua divisão em dois governos tendo como referência o Paralelo
38ºn: no sul um governo pró-EUA e no norte um governo pró-URSS, Moscou e
Washington acertaram a realização de um plebiscito no sul para ratificar ou não
a divisão. Quanto ao plebiscito, nunca foi realizado.
No início do conflito, houve
uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que deliberou pelo
envio de uma força internacional constituída basicamente pelo exército dos EUA
e alguns de seus aliados. As Forças Internacionais intervieram e instalaram-se
na Coreia do Norte próximas da fronteira chinesa. Essa situação levou o governo
de Pequim a enviar ajuda ao governo de Pyong Yong tornando a guerra muito mais
perigosa. Depois de intensos combates, os dois lados decidiram assinar um
acordo de cessar fogo de Panmunjon, que reafirmou a divisão pelo Paralelo 38,
vigente até hoje.
A Guerra da
Indochina (1946/1954) e a Guerra do Vietnã (1965/72)
Líder da Frente de Libertação |
Essas guerras tiveram suas
origens na luta de libertação da Indochina do domínio francês, instalado desde
o século XIX. A guerra de libertação contra a França foi promovida pelo
Vietminh (Frente de Libertação) sob a liderança de Ho Chi Minh fundador do
Partido Comunista do Vietnã. Essa luta teve início na década de 1930 contra os
franceses, durante a Segunda Guerra Mundial a luta se voltou contra os
japoneses que haviam ocupado a Península Indochinesa (Laos, Camboja e Vietnã).
Em 1946 após a expulsão dos nipônicos, Ho chi Minh proclamou a independência do
Vietnã e instalou um governo no Norte. Os franceses reagiram não reconhecendo a
independência e instalaram no sul do Vietnã um governo fantoche do Imperador
Bao Daí. A guerra contra a França estendeu-se até 1954, em que ocorreu a
vitória do Vietminh na Batalha Diem Bien Phu. A derrota francesa resultou na
formação do governo comunista em Hanói e, por negociação, a permanência do governo Bao Dai em Saigon
(pró-Ocidente), até que um plebiscito no Sul ratificasse ou não a divisão,
condição aceita pelos comunistas.
Entretanto, em 1955 ocorreu
um golpe de estado em Saigon liderado pelo Gal Ngo Dinh Diem, declaradamente
anticomunista entre suas primeiras decisões, uma foi a suspensão do plebiscito
decisão prontamente apoiada pelos EUA (Governo Eisenhower). Os comunistas de
Hanói reagiram criando a Frente de Libertação Nacional e decidiram pela luta
armada como forma de derrotar Ngo Diem.
A conhecida imagem da jovem cambojana atingida pelo Napalm lançado pelos EUA. |
Em 1961 o novo Presidente dos
EUA J. F. Kennedy deu início ao envolvimento norte americano no Vietnã, num
primeiro momento enviando o que ele chamava de “conselheiros militares”.
Estima-se que cerca de 15 mil “conselheiros” tenham sido enviados a Saigon.
Como Ngo Dien estendia a sua intolerância aos budistas, o Vietnã passou a ser
palco das manifestações silenciosas dos monges budistas que se auto imolavam. A
morte do ditador e o quadro de instabilidade determinaram a entrada dos EUA de
forma direta no conflito. O governo norte americano (Lyndon Johnson) usou como
justificativa um ataque norte-vietnamita a navios americanos no Golfo de
Tonquim para dar início a ofensiva militar sobre Hanói.
Woodstock: 3 dias de paz & música |
A ampliação do conflito para toda a Indochina somada as frequentes
manifestações nos Estados Unidos contra a guerra, como por exemplo, no Festival de Woodstock, dos jovens nas universidades, e do movimento Hippie entre outros levaram o governo Richard Nixon a assinar com Hanói o Acordo de Paris em janeiro de 1973 no qual os EUA retirariam suas tropas e fariam com Hanói a troca de prisioneiros.
Em 1976 após 30 anos, quase
ininterruptos, chegava ao fim a Guerra do Vietnã com a vitória dos comunistas e
a consequente unificação política e territorial do país. Era criada a República
Socialista do Vietnã. No balanço da guerra contabilizou-se a morte de mais ou
menos três milhões de norte vietnamitas entre civis e guerrilheiros. Pelo lado
norte americano cerca de 46 mil soldados mortos.
A independência da Indonésia e a Conferência de Bandung de 1955
A independência da Indonésia e a Conferência de Bandung de 1955
Ahmed Sukarno, 1º presidente Indonésio |
Os indonésios conquistaram a
independência após uma dura guerra de libertação contra os holandeses entre 1946
e 1949. A guerra tornou-se necessária pelo fato de a Holanda não ter
reconhecido a Declaração de Independência feita pelo Partido Nacionalista
Indonésio sob a liderança de Ahmed Sukarno logo após a expulsão dos japoneses,
que haviam invadido a Indonésia na Segunda Guerra Mundial.
Conferência de Bandung de 1955 |
Em 1955 Sukarno foi um dos articuladores e o anfitrião da Conferência de Bandung. Essa Conferência reuniu 29 países, sendo 15 asiáticos (China, Camboja, Vietnãs, Japão, Paquistão e outros), 8 do Oriente Médio (Turquia, síria, Líbano e outros) e 6 africanos ( Gana, Etiópia, Egito, Líbia, Libéria e Sudão). Nela os países membros aprovaram entre outros pontos:
- a declaração de apoio a emancipação
de todas as colônias;
- a declaração de não alinhamento
incondicional aos EUA ou à URSS, os países decidiram pela equidistância das
Super Potências, de modo a não serem reféns dos interesses delas.
- respeito à soberania e integridade
territorial de todas as nações;
- recusa na participação dos
preparativos da defesa coletiva destinada para servir aos interesses
particulares das superpotências;
- solução de todos os conflitos
internacionais por meios pacíficos (negociações e conciliações, arbitradas por
tribunais internacionais);
- estímulo aos interesses mútuos de cooperação.
Em 1965, após ter superado
tentativas anteriores de golpes, Sukarno caiu frente ao movimento golpista
liderado pelo General Mohamed Suharto sob o argumento de não permitir que o
país caísse sob domínio dos comunistas tolerado por Sukarno. O novo governo de
imediato abandonou o não alinhamento assim como se distanciou de Pequim e de
Moscou. Portanto, nenhuma surpresa que ele logo obtivesse o reconhecimento do
governo Lyndon Johnson.
No governo Suharto
(1965/1999) a Indonésia invadiu o território do Timor Leste em 1975 sob o
argumento de que o território timorense era indonésio e havia sido usurpado
pelos portugueses no século XV. Nos 24 anos de domínio indonésio, os timorenses
enfrentaram a opressão política, a intolerância religiosa e a obrigação de
adotar o idioma indonésio em lugar do português.
O Japão
Imagem da recuperação japonesa após a Segunda Guerra |
Após a derrota na Segunda
Guerra, cuja rendição se deu em 2 de setembro de 1945 em razão dos bombardeios
atômicos sobre Hiroshima e Nagasaky em 6 e 9 de agosto respectivamente, o Japão
sofreu a intervenção norte americana comandada pela Gal Mc Arthur de 1946 a
1951.
Nesse período o Japão passou
por algumas mudanças como a da instituição do parlamentarismo. Em 1951,
repercutindo a vitória dos comunistas na China, os EUA retiraram a intervenção
e propuseram aos japoneses um acordo de cooperação, que teve dois efeitos:
- a entrada de capitais
norte-americanos, que produziram a rápida recuperação da economia japonesa
naquilo que se chamou de milagre japonês. Um crescimento econômico com base nos
zaibatsus, que haviam sido acusados pelo governo dos EUA de terem financiado o
Japão na Segunda Guerra;
- o ingresso do Japão no sistema de
aliança construído pelos Estados Unidos dentro da Guerra Fria, como a Otase. Em razão disso, o Japão serviu de base para as tropas norte americanas enviadas para a guerra da Coreia.
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