sábado, 29 de julho de 2017

Unidade XXIV: A Ásia após 1945

A Ásia após 1945
                                              
A independência da Índia (1947)
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Desde 1859, após dois anos de guerra contra os Cipaios, os ingleses estabeleceram o seu domínio sobre território, que hoje abriga a Índia, o Paquistão, a República de Bangladesh e o Sri Lanka. Até 1947 os britânicos deram as cartas na região.      No século XX, a partir dos anos 1920, emergiram as lideranças de Mahatma Gandhi e de Jawaharlal Nehru dentro do Partido do Congresso, organização partidária, que congregava a etnia hindu, fundada no final do século anterior. A partir daí se impôs a diretriz da não violência, da via pacífica defendida por Gandhi. Segundo ele a luta pela emancipação não exigia o derramamento de sangue. O pensamento gandhista apontava também para a preservação da unidade territorial e política, de modo a abrigar as diferentes etnias da região (hindus, muçulmanos e budistas). Nesse ponto havia uma divergência entre Gandhi e o líder da Liga Muçulmana Mohamed Ali Jinnah, porque o movimento islâmico defendia a criação de território destinado aos muçulmanos separado do território hindu.
     Em 15 de agosto de 1947, foi assinado um acordo pelo Reino Unido, pelo líder hindu Nehru e pelo líder muçulmano Jinnah, no qual ficou estabelecida a emancipação do protetorado britânico e, ao mesmo tempo, a definição do território destinado aos muçulmanos.
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     Após a independência foram criados o Estado indiano e o Estado muçulmano, este ocupando dois territórios separados pela Índia, denominados Paquistão Ocidental e Paquistão Oriental. Em 1972, após uma série de incidentes e conflitos entre os muçulmanos instalados nos dois territórios, eles se separaram em dois Estados: Paquistão e República de Bangladesh. Outra questão decorrente da partilha do território envolveu a região da Caxemira, essa região foi dividida entre a Índia e o atual Paquistão. Entretanto essa divisão até hoje é contestada pelos muçulmanos, que entendem que a Caxemira deve ser integralmente deles por ser histórica e culturalmente muçulmana. Decorre daí uma série interminável de conflitos entre os dois Estados desde os anos 1950 e que oferece um risco terrível pelo fato de ambos terem armas atômicas.
      Com relação a independência da Índia vale registrar, que ela fez parte da estratégia britânica de negociar a emancipação de suas colônias, desde que pudesse manter os vínculos econômicos, políticos e culturais com elas. Isso resultou no ingresso dessas ex-colônias na Commonwealth (comunidade britânica) como foram os casos da Índia, do Paquistão, da Nova Zelândia, da Austrália, do Canadá entre outras.

                                             
A Revolução Chinesa (1949)
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     Em 1º de outubro de 1949 Mao Tsé-Tung, o Grande Timoneiro, assumiu o poder após duas décadas de guerra civil, iniciada em 1927, entre os comunistas e as forças governistas do Gal Chiang Kay-Shek. Essa guerra teve um breve hiato entre 1937 e 1945, quando os comunistas se dispuseram a combater a invasão japonesa ao país ao lado das forças do governo.
     Essa guerra civil teve início quando o Gal Kay-Shek assumiu o poder em 1925 e não tardou a por fim a aliança política interna da qual os comunistas faziam parte. Em 1927 Kay-Shek ordenou a perseguição e prisão dos comunistas. Diante disso os comunistas repercutindo a influência do Komintern deram início à luta armada contra o governo. Inicialmente o movimento revolucionário se instalou nos centros urbanos, no entanto após alguns insucessos, Mao Tsé-Tung liderou uma movimentação de +/- 100 mil homens em direção às províncias do interior da China,  era a Longa Marcha.  Nas províncias os guerrilheiros integraram-se a comunidade camponesa e a inseriu no processo revolucionário, começando assim a via camponesa da Revolução Chinesa.
     A vitória do PCC fez com que o governo Harry Truman dos Estados Unidos reagisse de modo a tentar  diminuir o impacto dessa vitória no plano internacional e no jogo de forças da Guerra Fria instalada a partir de 1947. Assim Truman apoiou a transferência de Kay-Shek e seu governo para a Ilha de Formosa (atual República de Taiwan) e empenhou-se para que na ONU a representação chinesa na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança permanecesse a cargo do governo Chiang Kay-Shek afastando, portanto o ingresso de mais um governo comunista como membro permanente do Conselho de Segurança e com direito de veto.

A China sob governo comunista

     Com a instalação da República Popular da China em 1º de outubro de 1949, teve início o governo Mao Tse-Tung  dos comunistas naquele país. Na década de 1950 os chineses intervieram no Tibete, participaram da Guerra civil coreana em apoio aos norte coreanos, em oposição aos Estados Unidos e iniciaram a realização do 1º Plano Quinquenal com o apoio dos soviéticos em 1953. Essa cooperação entre Pequim e Moscou ficou abalada após a ascensão de Nikita Kruschev na URSS, cujas diretrizes de governo mereceram críticas severas de Mao.
     Em 1956 Mao lançou a Campanha das Cem Flores oferecendo à população o direito de criticar a classe dirigente. Entretanto, isso se tornou um instrumento para que Mao identificasse os setores mais resistentes ao PCC e pudesse reprimi-los.  
 Em 1958 Mao lançou o 2º Plano Quinquenal, que ele denominou de Grande Salto cujo objetivo era transformar a China numa potência industrial, mas os resultados foram decepcionantes, com indicativo da ocorrência de numerosas mortes por fome.
     As divergências entre Mao e Kruschev resultaram num estremecimento das relações e o rompimento delas em 1962. A partir daí foram inúmeras as vezes que chineses e soviéticos estiveram muito próximos de um conflito de gravíssimas proporções.
  Em 1966 em razão do fracasso do Grande Salto, que Mao atribuiu ao fato da sociedade não estar completamente ideologizada, foi iniciada a Grande Revolução Cultural, que marcou o endurecimento do regime e a utilização, em grande escala, da repressão. Além disso, a Revolução Cultural impôs o fechamento econômico e cultural da China para o exterior. A Revolução contou com apoio da juventude chinesa que integrou as Guardas Vermelhas.
     No início dos anos 1970 houve uma aproximação entre Washington e Pequim promovida pelo governo Richard Nixon e seu Secretário de Estado Henry Kissinger, cujo principal resultado foi o  ingresso da China Popular na ONU, com a exclusão da China Nacionalista. Em 1979 foram formalizadas as relações diplomáticas entre os dois países. Essa aproximação fez parte de uma estratégia norte americana de usar a China na contenção da influência soviética na Ásia.


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Deng Xiao Ping, o Pai das Reformas Chinesas
     Em 1976 morreram Mao Tse-Tung e Chou Em Lai os representantes da velha guarda do PCC. A morte de Mao abriu uma disputa pelo poder entre o Grupo de Xangai liderado pela viúva de Mao, Chiang Ching adepto da Revolução Cultural e o Grupo Reformista sob liderança de Deng Xiao-Ping. A vitória do grupo de Xiao-Ping resultou na prisão, julgamento e condenação do chamado Bando de Xangai ou Camarilha dos Quatro e na implementação de uma política de mudança de rumos da economia com:


- a desorganização das Comunas Populares (terras coletivas), incentivando a agricultura familiar e a criação do mercado livre para o setor;

- a criação das ZEEs (zonas econômicas especiais) o que atraiu investimentos estrangeiros para os setores da indústria e de serviços. Nelas foram admitidas as relações capitalistas de produção, isso formatou o que se denomina socialismo de mercado;

- a adoção do Programa das quatro modernizações direcionado aos setores da ciência, da indústria, da tecnologia e da defesa.


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A Primavera de Pequim em 1989
     Em 1989, após um longo período de relações congeladas, a China e a URSS reataram politicamente concretizada na visita de Gorbachev a Pequim. A visita de Gorbachev à China estimulou um movimento da juventude chinesa em defesa das liberdades e da democracia, que foi violentamente reprimido pelo governo num episódio conhecido como a Primavera de Pequim. Esse episódio de 1989 mostrou com clareza ao mundo, que as mudanças econômicas promovidas pelo grupo de Deng Xiao-Ping não repercutiram no campo político, ou seja, o Estado continuaria com a mesma estrutura fechada da época maoísta.

Em razão de nova orientação do governo chinês, abriu-se um canal de conversação com o governo do Reino Unido, cujo resultado foi a devolução da Ilha de Hong-Kong aos chineses em julho de 1997
                                                

A Guerra da Coreia (1950/1953)
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     Essa guerra entre as duas Coreias teve início quando houve uma ofensiva da Coreia do Norte sobre o sul da Península, numa tentativa de promover a reunificação do país. A Coreia na Segunda Guerra esteve sob domínio japonês e foi libertada por uma ação soviética e norte americana, o que deu as duas superpotências o “direito” de promoverem a sua divisão em dois governos tendo como referência o Paralelo 38ºn: no sul um governo pró-EUA e no norte um governo pró-URSS, Moscou e Washington acertaram a realização de um plebiscito no sul para ratificar ou não a divisão. Quanto ao plebiscito, nunca foi realizado.
     No início do conflito, houve uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que deliberou pelo envio de uma força internacional constituída basicamente pelo exército dos EUA e alguns de seus aliados. As Forças Internacionais intervieram e instalaram-se na Coreia do Norte próximas da fronteira chinesa. Essa situação levou o governo de Pequim a enviar ajuda ao governo de Pyong Yong tornando a guerra muito mais perigosa. Depois de intensos combates, os dois lados decidiram assinar um acordo de cessar fogo de Panmunjon, que reafirmou a divisão pelo Paralelo 38, vigente até hoje.

A Guerra da Indochina (1946/1954) e a Guerra do Vietnã (1965/72)
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Líder da Frente de Libertação
     Essas guerras tiveram suas origens na luta de libertação da Indochina do domínio francês, instalado desde o século XIX. A guerra de libertação contra a França foi promovida pelo Vietminh (Frente de Libertação) sob a liderança de Ho Chi Minh fundador do Partido Comunista do Vietnã. Essa luta teve início na década de 1930 contra os franceses, durante a Segunda Guerra Mundial a luta se voltou contra os japoneses que haviam ocupado a Península Indochinesa (Laos, Camboja e Vietnã). Em 1946 após a expulsão dos nipônicos, Ho chi Minh proclamou a independência do Vietnã e instalou um governo no Norte. Os franceses reagiram não reconhecendo a independência e instalaram no sul do Vietnã um governo fantoche do Imperador Bao Daí. A guerra contra a França estendeu-se até 1954, em que ocorreu a vitória do Vietminh na Batalha Diem Bien Phu. A derrota francesa resultou na formação do governo comunista em Hanói e, por negociação,  a permanência do governo Bao Dai em Saigon (pró-Ocidente), até que um plebiscito no Sul ratificasse ou não a divisão, condição aceita pelos comunistas.
     Entretanto, em 1955 ocorreu um golpe de estado em Saigon liderado pelo Gal Ngo Dinh Diem, declaradamente anticomunista entre suas primeiras decisões, uma foi a suspensão do plebiscito decisão prontamente apoiada pelos EUA (Governo Eisenhower). Os comunistas de Hanói reagiram criando a Frente de Libertação Nacional e decidiram pela luta armada como forma de derrotar Ngo Diem.
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A conhecida imagem da jovem cambojana
atingida pelo Napalm lançado pelos EUA.
     Em 1961 o novo Presidente dos EUA J. F. Kennedy deu início ao envolvimento norte americano no Vietnã, num primeiro momento enviando o que ele chamava de “conselheiros militares”. Estima-se que cerca de 15 mil “conselheiros” tenham sido enviados a Saigon. Como Ngo Dien estendia a sua intolerância aos budistas, o Vietnã passou a ser palco das manifestações silenciosas dos monges budistas que se auto imolavam. A morte do ditador e o quadro de instabilidade determinaram a entrada dos EUA de forma direta no conflito. O governo norte americano (Lyndon Johnson) usou como justificativa um ataque norte-vietnamita a navios americanos no Golfo de Tonquim para dar início a ofensiva militar sobre Hanói.
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Woodstock: 3 dias de paz & música
    
     De 1965 a 1972 desenvolveu-se a Guerra do Vietnã, inicialmente entre Hanói e os EUA, a partir do início dos anos 1970 ela se estendeu ao Laos e ao Camboja em razão do bombardeio norte-americano àqueles países sob o argumento de destruir a Trilha de Ho Chi Minh (rede de estradas usadas pelos guerrilheiros do Vietcong ). 
A ampliação do conflito para toda a Indochina somada as frequentes
manifestações nos Estados Unidos contra a guerra, como por exemplo, no Festival de Woodstock, dos jovens nas universidades, e do movimento Hippie entre outros levaram o governo Richard Nixon a assinar com Hanói o Acordo de Paris em janeiro de 1973 no qual os EUA retirariam suas tropas e fariam com Hanói a troca de prisioneiros.

     Em 1976 após 30 anos, quase ininterruptos, chegava ao fim a Guerra do Vietnã com a vitória dos comunistas e a consequente unificação política e territorial do país. Era criada a República Socialista do Vietnã. No balanço da guerra contabilizou-se a morte de mais ou menos três milhões de norte vietnamitas entre civis e guerrilheiros. Pelo lado norte americano cerca de 46 mil soldados mortos.

A independência da Indonésia e a Conferência de Bandung de 1955

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Ahmed Sukarno, 1º presidente Indonésio

     Os indonésios conquistaram a independência após uma dura guerra de libertação contra os holandeses entre 1946 e 1949. A guerra tornou-se necessária pelo fato de a Holanda não ter reconhecido a Declaração de Independência feita pelo Partido Nacionalista Indonésio sob a liderança de Ahmed Sukarno logo após a expulsão dos japoneses, que haviam invadido a Indonésia na Segunda Guerra Mundial.

     De 1949 a 1965 o país ficou sob governo do líder nacionalista Sukarno, cujas diretrizes de governo (nacionalismo, islamismo, marxismo e não alinhamento) desagradavam aos interesses de Washington, aja vista a política de cooperação entre os indonésios e os chineses.
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Conferência de Bandung de 1955


    Em 1955 Sukarno foi um dos articuladores e o anfitrião da Conferência de Bandung. Essa Conferência reuniu 29 países, sendo 15 asiáticos (China, Camboja, Vietnãs, Japão, Paquistão e outros), 8 do Oriente Médio (Turquia, síria, Líbano e outros) e 6 africanos ( Gana, Etiópia, Egito, Líbia, Libéria e Sudão). Nela os países membros aprovaram entre outros pontos:


- a declaração de apoio a emancipação de todas as colônias;

- a declaração de não alinhamento incondicional aos EUA ou à URSS, os países decidiram pela equidistância das Super Potências, de modo a não serem reféns dos interesses delas.

- respeito à soberania e integridade territorial de todas as nações;

- recusa na participação dos preparativos da defesa coletiva destinada para servir aos interesses particulares das superpotências;

- solução de todos os conflitos internacionais por meios pacíficos (negociações e conciliações, arbitradas por tribunais internacionais);

- estímulo aos interesses mútuos de cooperação.

     Em 1965, após ter superado tentativas anteriores de golpes, Sukarno caiu frente ao movimento golpista liderado pelo General Mohamed Suharto sob o argumento de não permitir que o país caísse sob domínio dos comunistas tolerado por Sukarno. O novo governo de imediato abandonou o não alinhamento assim como se distanciou de Pequim e de Moscou. Portanto, nenhuma surpresa que ele logo obtivesse o reconhecimento do governo Lyndon Johnson.
     No governo Suharto (1965/1999) a Indonésia invadiu o território do Timor Leste em 1975 sob o argumento de que o território timorense era indonésio e havia sido usurpado pelos portugueses no século XV. Nos 24 anos de domínio indonésio, os timorenses enfrentaram a opressão política, a intolerância religiosa e a obrigação de adotar o idioma indonésio em lugar do português.

O Japão
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Imagem da recuperação japonesa após a
Segunda Guerra
    Após a derrota na Segunda Guerra, cuja rendição se deu em 2 de setembro de 1945 em razão dos bombardeios atômicos sobre Hiroshima e Nagasaky em 6 e 9 de agosto respectivamente, o Japão sofreu a intervenção norte americana comandada pela Gal Mc Arthur de 1946 a 1951.
     Nesse período o Japão passou por algumas mudanças como a da instituição do parlamentarismo. Em 1951, repercutindo a vitória dos comunistas na China, os EUA retiraram a intervenção e propuseram aos japoneses um acordo de cooperação, que teve dois efeitos:
- a entrada de capitais norte-americanos, que produziram a rápida recuperação da economia japonesa naquilo que se chamou de milagre japonês. Um crescimento econômico com base nos zaibatsus, que haviam sido acusados pelo governo dos EUA de terem financiado o Japão na Segunda Guerra;

- o ingresso do Japão no sistema de aliança construído pelos Estados Unidos dentro da Guerra Fria, como a Otase. Em razão disso, o Japão serviu de base para  as tropas norte americanas enviadas para a guerra da Coreia.

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