As
revoluções liberais na França
Entre 1830 e 1870 o continente europeu foi palco de
um conjunto de eventos, que marcaram as revoluções liberais e os movimentos
nacionalistas. Além deles inclui-se nesse período uma nova dinâmica na
organização do movimento operário, em razão da publicação em 1848 do Manifesto
Comunista de Marx e Engels, que propunha aos trabalhadores encaminharem sua
luta em defesa da construção de uma sociedade igualitária.
A
Revolução Liberal Francesa de 1830
Em julho de 1830, a França viveu os três dias gloriosos, neles
os franceses sob a liderança da burguesia liberal e com intensa participação
das classes populares construíram as barricadas de modo a
enfrentarem o monarca Carlos X (último rei da dinastia dos Bourbons).
Esse processo foi deflagrado pelo fato de
Carlos X (1824/30), que ao suceder seu irmão Luis XVIII não tardou a adotar
medidas reveladoras de seu caráter absolutista, como por exemplo: dissolver a
Assembleia, convocar uma nova eleição não sem antes alterar o censo eleitoral
reduzindo o número de eleitores e impor a censura à imprensa nas chamadas Ordenações
de Julho. A burguesia sob inspiração liberal não vacilou em reagir às
pretensões absolutistas de Carlos X e com apoio popular ergueu as barricadas e
pressionou o monarca até fazê-lo renunciar. Era uma vitória das forças liberais
sobre as forças conservadoras absolutistas.
Com o afastamento de Carlos X, as
lideranças burguesas não perderam a oportunidade de indicar um novo monarca
Luis Felipe de Orleans, um nobre de tendência liberal, o rei burguês ou
o rei dos banqueiros.
A
Revolução Francesa de fevereiro de 1848
As
barricadas, em julho de 1830, serviram para Luis Felipe ascender ao trono
francês. Em fevereiro de 1848, foram reerguidas para derrubá-lo
|
Em fevereiro de 1848 sob liderança da burguesia liberal formou-se um movimento de coalizão de forças políticas contra Luis Felipe, formada pelos republicanos, constitucionalistas, bonapartistas e socialistas, que acabaram por derrubá-lo. Essa revolução aconteceu numa conjuntura de crise de subprodução agrícola e de superprodução industrial com elevado índice de desemprego e de inflação. O quadro de desemprego proporcionou o crescimento do movimento operário na França em que se evidenciou a liderança dos socialistas ainda que utópicos.
Em meio a
crise econômica, a reação de Luis Felipe foi a de reprimir as manifestações,
proibindo-as. A atitude do monarca precipitou os acontecimentos que culminaram
com sua deposição.
1848 O ANO DA PRIMAVERA DOS POVOS
O ano de 1848 foi marcado por uma
série de eventos ou movimentos de caráter revolucionário como: a Revolução de
Fevereiro na França e os movimentos
nacionalistas dentro do Império Austríaco, na Península Italiana,
na Confederação Germânica.
Além desses movimentos,
o ano de 1848 também foi marcado pela publicação do Manifesto Comunista de Karl Marx e
Friedrich Engels. Nele os autores defendiam a luta da classe
operária contra a burguesia que a explorava, para a construção de uma
sociedade igualitária, era a luta de classes entre o trabalho e o
capital.
|
Entre fevereiro e dezembro de 1848 na
França, o poder foi exercido por um governo provisório de coalizão, que reuniu
liberais, republicanos, bonapartistas e socialistas. Esse governo promoveu uma
reforma política representada na adoção do voto universal, criação
das leis sociais, concessão de anistia aos presos
políticos, garantia de liberdade de imprensa. Esse
governo, sob a influência dos socialistas (o Ministério do Trabalho era ocupado
pelo socialista Louis Blanc), criou as Oficinas Nacionais de
modo a combater o desemprego sob a forma de cooperativas de trabalhadores.
Entretanto, amedrontadas pelo avanço dos socialistas, os setores mais
conservadores da sociedade francesa empenharam-se para fazer maioria na
Assembleia Constituinte eleita em abril de 1848. Com a maioria, os
conservadores puderam suspender o programa das oficinas nacionais. Essa decisão
provocou o rompimento dos socialistas com o governo provisório e a tentativa
revolucionária de julho, de caráter popular. Essa tentativa foi sufocada, resultando
em milhares de mortes e de prisões. A repressão foi conduzida pelo General
Cavaignac, o carniceiro, que nos meses seguintes assumiu o comando do governo
provisório até a promulgação da Constituição e da realização das eleições.
Em dezembro de 1848 realizaram-se as eleições presidenciais vencidas pelo
candidato de uma coligação partidária, que reunia liberais, republicanos e
bonapartistas. O candidato foi o líder bonapartista Luís Bonaparte.
De
Luís Bonaparte a Napoleão III
Depois de vencer as eleições de 1848 e tronar-se presidente da França, Luís
Bonaparte em 1852 tornou-se imperador com o nome de Napoleão III. Essa
transição ocorreu após Luis Bonaparte, com apoio do exército, dar um golpe de
estado no qual fechou a Assembleia e promover um plebiscito em que obteve a
autorização de substituir a República pela Monarquia. Neste momento ele se
auto proclamou o imperador Napoleão III. Segundo Marx este foi o 18 Brumário
de Luis Bonaparte, numa tentativa de reconstituir ou repetir a história de
seu tio Napoleão Bonaparte. Entretanto, Marx classifica essa tentativa como
uma farsa.
Entre 1852 e 1871 a França, e até certo
ponto a Europa, ficaram sob a batuta política de Napoleão Bonaparte. Ele se
revelou contraditório e pendular na sua política externa, ora apoiando o
nacionalismo, ora se opondo como no caso italiano, em que apoiou o Reino do
Piemonte na guerra contra o Império Austríaco, para em seguida oferecer apoio
e proteção à Igreja Católica, porque esta estava ameaçada pelos nacionalistas
do Exército dos Camisas Vermelhas, próximos de entrar nos territórios dos Estados
Pontificiais, que pertenciam a Igreja Católica.
No plano interno Napoleão III
desenvolveu uma politica de consolidação da indústria francesa, estreitando
suas relações com a burguesia nacional. Em seu governo foi desenvolvido um
plano de urbanização de Paris, que também favoreceu a elite francesa. Outra
marca indelével de seu governo foi a ênfase ao expansionismo francês, que consolidou
o domínio sobre a Argélia e efetivou a conquista da Indochina.
Entretanto, acabou sendo vítima de sua
política externa, ao envolver-se numa divergência com a Prússia sobre o
processo sucessório espanhol, que resultou numa guerra entre a França e a
Prússia, que com sua Máquina de Guerra invadiu o território francês e
promoveu o cerco a Paris. Essa guerra determinou a prisão e deposição de
Napoleão III.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário