sábado, 29 de julho de 2017

Unidade XIV: As Revoluções Liberais de 1830 e de 1848

As revoluções liberais na França

     Entre 1830 e 1870 o continente europeu foi palco de um conjunto de eventos, que marcaram as revoluções liberais e os movimentos nacionalistas. Além deles inclui-se nesse período uma nova dinâmica na organização do movimento operário, em razão da publicação em 1848 do Manifesto Comunista de Marx e Engels, que propunha aos trabalhadores encaminharem sua luta em defesa da construção de uma sociedade igualitária.

A Revolução Liberal Francesa de 1830

     Em julho de 1830, a França viveu os três dias gloriosos, neles os franceses sob a liderança da burguesia liberal e com intensa participação das classes populares construíram as barricadas de modo a enfrentarem o monarca Carlos X (último rei da dinastia dos Bourbons).
     Esse processo foi deflagrado pelo fato de Carlos X (1824/30), que ao suceder seu irmão Luis XVIII não tardou a adotar medidas reveladoras de seu caráter absolutista, como por exemplo: dissolver a Assembleia, convocar uma nova eleição não sem antes alterar o censo eleitoral reduzindo o número de eleitores e impor a censura à imprensa nas chamadas Ordenações de Julho. A burguesia sob inspiração liberal não vacilou em reagir às pretensões absolutistas de Carlos X e com apoio popular ergueu as barricadas e pressionou o monarca até fazê-lo renunciar. Era uma vitória das forças liberais sobre as forças conservadoras absolutistas.
     Com o afastamento de Carlos X, as lideranças burguesas não perderam a oportunidade de indicar um novo monarca Luis Felipe de Orleans, um nobre de tendência liberal, o rei burguês ou o rei dos banqueiros.

A Revolução Francesa de fevereiro de 1848

As barricadas, em julho de 1830, serviram para Luis Felipe ascender ao trono francês. Em fevereiro de 1848, foram reerguidas para derrubá-lo

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     Em fevereiro de 1848 sob liderança da burguesia liberal formou-se um movimento de coalizão de forças políticas contra Luis Felipe, formada pelos republicanos, constitucionalistas, bonapartistas e socialistas, que acabaram por derrubá-lo. Essa revolução aconteceu numa conjuntura de crise de subprodução agrícola e de superprodução industrial com elevado índice de desemprego e de inflação. O quadro de desemprego proporcionou o crescimento do movimento operário na França em que se evidenciou a liderança dos socialistas ainda que utópicos.

Em meio a crise econômica, a reação de Luis Felipe foi a de reprimir as manifestações, proibindo-as. A atitude do monarca precipitou os acontecimentos que culminaram com sua deposição.


          
                                  1848 O ANO DA PRIMAVERA DOS POVOS
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     O ano de 1848 foi marcado por uma série de eventos ou movimentos de caráter revolucionário como: a Revolução de Fevereiro na França e os movimentos nacionalistas dentro do Império Austríaco, na Península Italiana, na Confederação Germânica.
     Além desses movimentos, o ano de 1848 também foi marcado pela publicação do Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels. Nele os autores defendiam a luta da classe operária contra a burguesia que a explorava, para a construção de uma sociedade igualitária, era a luta de classes entre o trabalho e o capital.

     Entre fevereiro e dezembro de 1848 na França, o poder foi exercido por um governo provisório de coalizão, que reuniu liberais, republicanos, bonapartistas e socialistas. Esse governo promoveu uma reforma política representada na adoção do voto universal, criação das leis sociais, concessão de anistia aos presos políticos, garantia de liberdade de imprensa. Esse governo, sob a influência dos socialistas (o Ministério do Trabalho era ocupado pelo socialista Louis Blanc), criou as Oficinas Nacionais de modo a combater o desemprego sob a forma de cooperativas de trabalhadores.

     Entretanto, amedrontadas pelo avanço dos socialistas, os setores mais conservadores da sociedade francesa empenharam-se para fazer maioria na Assembleia Constituinte eleita em abril de 1848. Com a maioria, os conservadores puderam suspender o programa das oficinas nacionais. Essa decisão provocou o rompimento dos socialistas com o governo provisório e a tentativa revolucionária de julho, de caráter popular. Essa tentativa foi sufocada, resultando em milhares de mortes e de prisões. A repressão foi conduzida pelo General Cavaignac, o carniceiro, que nos meses seguintes assumiu o comando do governo provisório até a promulgação da Constituição e da realização das eleições.  Em dezembro de 1848 realizaram-se as eleições presidenciais vencidas pelo candidato de uma coligação partidária, que reunia liberais, republicanos e bonapartistas. O candidato foi o líder bonapartista Luís Bonaparte.



                                          De Luís Bonaparte a Napoleão III

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     Depois de vencer as eleições de 1848 e tronar-se presidente da França, Luís Bonaparte em 1852 tornou-se imperador com o nome de Napoleão III. Essa transição ocorreu após Luis Bonaparte, com apoio do exército, dar um golpe de estado no qual fechou a Assembleia e promover um plebiscito em que obteve a autorização de substituir a República pela Monarquia. Neste momento ele se auto proclamou o imperador Napoleão III. Segundo Marx este foi o 18 Brumário de Luis Bonaparte, numa tentativa de reconstituir ou repetir a história de seu tio Napoleão Bonaparte. Entretanto, Marx classifica essa tentativa como uma farsa.
     Entre 1852 e 1871 a França, e até certo ponto a Europa, ficaram sob a batuta política de Napoleão Bonaparte. Ele se revelou contraditório e pendular na sua política externa, ora apoiando o nacionalismo, ora se opondo como no caso italiano, em que apoiou o Reino do Piemonte na guerra contra o Império Austríaco, para em seguida oferecer apoio e proteção à Igreja Católica, porque esta estava ameaçada pelos nacionalistas do Exército dos Camisas Vermelhas, próximos de entrar nos territórios dos Estados Pontificiais, que pertenciam a Igreja Católica.
     No plano interno Napoleão III desenvolveu uma politica de consolidação da indústria francesa, estreitando suas relações com a burguesia nacional. Em seu governo foi desenvolvido um plano de urbanização de Paris, que também favoreceu a elite francesa. Outra marca indelével de seu governo foi a ênfase ao expansionismo francês, que consolidou o domínio sobre a Argélia e efetivou a conquista da Indochina.
     Entretanto, acabou sendo vítima de sua política externa, ao envolver-se numa divergência com a Prússia sobre o processo sucessório espanhol, que resultou numa guerra entre a França e a Prússia, que com sua Máquina de Guerra invadiu o território francês e promoveu o cerco a Paris. Essa guerra determinou a prisão e deposição de Napoleão III.

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