(1815-1830) A Reação Conservadora ou A Restauração
- o Congresso de Viena
Os monarcas reorganizando o mapa europeu |
A derrota de Napoleão em Waterloo, em julho de 1815,
frente à coligação de forças anti francesas constituída pela Áustria, Prússia,
Rússia e Inglaterra, foi considerada, exceto pela Inglaterra, uma vitória
das forças sociais conservadoras ou absolutistas sobre as forças
transformadoras ou liberais identificadas com a Revolução Burguesa da
França.
Sob essa perspectiva,
realizou-se em 1815 o Congresso de Viena – já havia sido convocado após a
derrota de Napoleão em Leipzig no ano anterior – dirigido pelo Comitê dos Quatro.
A pauta definida, pelas forças conservadoras, incluía: refazer o mapa
político europeu de modo a fortalecer as nações absolutistas e conter as forças
de transformação.
Quanto à Inglaterra, o
Congresso transformou-se numa oportunidade para discutir o fim do tráfico de
escravos, pelo menos para o hemisfério norte, e a suspensão de práticas
protecionistas. Embora a Inglaterra não fosse um Estado Absolutista, ela não se
opunha a Restauração, desde que esta não representasse um prejuízo aos seus
interesses econômicos.
O Princípio de Legitimidade
As alterações político-territoriais
na Europa, promovidas pelas forças conservadoras reunidas no Congresso de
Viena, foram baseadas nos pontos do Princípio de Legitimidade proposto pelo
representante francês, o ministro Talleyrand com apoio do príncipe austríaco
Metternich. O Princípio previa:
- o
reconhecimento das fronteiras de 1789, nas regiões em que houvessem Estados
Nacionais organizados;
- o
reconhecimento da legitimidade dos herdeiros desses Estados.
Com isso, a França foi poupada de
perdas territoriais e teve a permanência de Luis XVIII no trono considerada
legítima, afastando a hipótese da nomeação de um monarca estrangeiro.
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Com base no Princípio de Legitimidade, o Congresso
promoveu as alterações territoriais, que atingiram os territórios invadidos por
Napoleão Bonaparte e que não tinham Estados organizados, desse modo:
- a Polônia foi tripartida entre prussianos, austríacos e russos;
- o território do reino da Lombardia e da Venécia na Itália, foi anexado
ao Império Austríaco;
- o Território do Reino de Nápoles na Itália, foi colocado sob governo
dos Bourbons;
- os ducados de Parma, Módena e Toscana ficaram sob governo de príncipes
austríacos;
- a região Renana foi anexada à Prússia;
- os estados da Confederação Germânica ficaram sob tutela política do
Império Austríaco;
- a região da Bessarábia romena foi anexada ao Império Russo;
- os ducados de Schleswig e Holstein foram colocados sob tutela política
da Dinamarca;
- a Bélgica foi anexada à Holanda, formando com esta o Reino dos Países
Baixos;
A Inglaterra não obteve nenhum território
europeu, mas recebeu o controle da Ilha de Malta e as colônias holandesas do
Cabo e do Ceilão (Sri Lanka). Em troca, os holandeses anexaram a
Bélgica.
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Ainda no Congresso de Viena, o Czar Alexander I propôs a criação de aliança entre as monarquias europeias em nome da Santíssima Trindade, que seria utilizada para desenvolver entre elas a cooperação e que deveria protegê-las de qualquer ameaça, sobretudo as de natureza liberal e/ou nacionalistas. Nesse sentido foi aprovado o Direito de Intervenção proposto pelo príncipe austríaco Metternich, que autorizava a Santa Aliança a atuar onde quer que houvesse uma ameaça às monarquias europeias. O documento de fundação teve as assinaturas de Frederico Guilherme III da Prússia, de Francisco I da Áustria e de Alexander I da Rússia.A Inglaterra, em princípio não foi signatária do Tratado de fundação da Santa Aliança em setembro de 1815. Entretanto, já em novembro o governo de Londres considerou a possibilidade dos governos absolutistas utilizarem-na para se tornarem as forças hegemônicas no Velho Continente e aí os ingleses se decidiram a ingressar, o que a transformou em Quádrupla Aliança. Com o ingresso da França dos Bourbons a aliança tornou-se Quíntupla.
O declínio da Santa Aliança
Por volta de 1832, era
visível que a Santa Aliança fosse desaparecer. As contradições existentes
dentro dela não deixavam dúvidas quanto a essa avaliação.
Entre 1815 e 1824
ocorreram as guerras de independência das colônias espanholas. A
Espanha solicitou a intervenção da Santa Aliança para reprimir as
colônias, o que não pode acontecer dada a posição inglesa interessada na
abertura dos mercados com a quebra do Pacto Colonial.
Outro fato foi a
independência da Grécia do Império Turco-Otomano em 1832, neste caso a Santa
Aliança não interveio em razão do interesse dos russos em fragmentar o
Império Otomano. Havia acusação do império muçulmano aos russos de que estes
tinham interesse expansionista sobre seus territórios. Essa acusação turca,
referia-se a região dos Estreitos de Bósforo e de Dardanelos, utilizada pelos
russos para a saída deles do Mar Negro para o Mar Mediterrâneo.
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