sábado, 29 de julho de 2017

Unidade XIX: A Crise de 1929 e a Grande Depressão

A CRISE DE 1929 E A GRANDE DEPRESSÃO 

     A crise que atingiu os EUA a partir dos dois Crashs da Bolsa de Nova Iorque em 24 e 29 de outubro de 1929 ocorreu ao fim de uma década marcada, em sua primeira metade, por uma sensação de euforia do governo e de grande parte da sociedade norte americana.
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    Na primeira metade da década de 1920, graças ao crescimento das exportações de produtos e de capitais para a Europa como também com o crescimento do mercado interno (automóveis, geladeiras, fogões, telefones e rádios) os norte americanos, experimentaram um clima de total euforia traduzido na expressão THE AMERICAN WAY OF LIFE. (There's no way like the american way) Nada melhor que o modo de vida americano.
     

     Entretanto, na segunda metade da década a  economia americana deu sinais de fragilidade. Esse quadro foi provocado pela queda das exportações para a Europa, resultado da recuperação das economias francesa e inglesa e agravada pelo fato do mercado interno não se revelar capaz de absorver o excedente deixado pelas exportações. Essa situação deixou evidenciada a má distribuição da renda decorrente dos baixos salários pagos aos trabalhadores.
     Além disso, os banqueiros americanos amedrontados pela ascensão de grupos nacionalistas na Europa cortaram ajuda financeira aos italianos e aos alemães o que diminuiu a capacidade de compra dos mesmos.
     Convencidos que o mercado encontraria sua saída, o governo não interveio deixando a economia funcionar livremente. Ao mesmo tempo o mercado de ações cresceu absorvendo capitais de grandes e pequenos banqueiros, de grandes e pequenos empresários. Este crescimento atraiu para o mercado um sem número de pessoas da classe média que despejaram na Bolsa suas poupanças.
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 Entretanto, a valorização das ações, fruto de um artificialismo do mercado e gerada pela especulação incentivou uma crescente venda de papéis dos grandes “investidores” a partir de setembro. Essa tendência de venda foi responsável pelo crash de 24 de outubro e o de 29 de outubro.
     A queda vertical das ações provocou a ruína de milhares de pequenos investidores, a quebra de inúmeros pequenos bancos decretando um caos no mercado financeiro, restringindo o crédito e provocando uma queda brutal do consumo. Estavam criadas as condições para a depressão.
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     Entre 1929 e 1932, houve o que ficou conhecido como ciclo infernal, cujos números foram: mais ou menos 5.000 bancos fechados, paralisia de grande parcela do setor agrícola, fechamento total ou parcial de cerca de 100 mil empresas, deflação dos preços, colapso do mercado de consumo e um nível de desemprego sem precedente, algo em torno de 25% da mão de obra ativa ou 17 milhões de trabalhadores fora de seus postos de trabalho.
     Em 1932, com a crise atingindo o seu ápice, os democratas, com Franklin Delano Roosevelt, ex-governador do estado de Nova Iorque, venceram a eleição presidencial apoiados numa campanha em que defenderam um novo tratamento para a economia (O New Deal).

O governo Roosevelt e o New Deal (1933/39)
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     Assessorado por economistas adeptos da Escola Keynesiana, Roosevelt pôs em prática um grande plano de recuperação da economia nacional através de uma intervenção do Estado investindo em um grande programa de obras públicas como sugeria o economista inglês John Maynard Keynes. Além disso, Roosevelt voltou-se para melhorar a distribuição da renda de modo a reaquecer o consumo e recuperar os setores industrial e agrícola. Definia-se o Welfare State, o estado do bem-estar social, utilizado também na Europa, após a Segunda Guerra Mundial, para a contenção do socialismo, nos países que adotaram a  Social Democracia.

Principais medidas do NEW DEAL entre 1933/39:
- emissão monetária com base nas reservas de ouro presentes nos cofres do Estado, através do sistema federal de reservas, ou seja, centralizada, para oferecer crédito aos produtores rurais e aos empresários do setor industrial;

- fechamento temporário dos bancos de modo a conter qualquer ação especulativa no mercado;

- protecionismo econômico, ou seja, redução abrupta das importações de modo a fortalecer o produto nacional ;

- criação do Agricultural Adjustment Act -Ato de ajustamento agrícola- (vide quadro abaixo);

- criação do National Industrial Recovery Act -Ato de reconversão da indústria nacional- (vide quadro abaixo);

- criação do seguro desemprego, que se traduziria na concessão de uma renda mínima para o trabalhador desempregado por algum tempo;

-  ampliação do direito à aposentadoria;

- programa de grandes obras públicas, como as do Vale do Tenessee (T.V.A.);

- revogação da Lei Seca (Volstead act). Esta lei foi criada no início da década de 1920, no embalo da euforia do American Way. Ela ocasionou a queda da arrecadação, reduziu o nível de emprego formal e provocou o surgimento do crime organizado (Máfia) controlador da produção e venda clandestina de bebidas de alto teor alcoólico, que a lei proibira.


                                                         A.A.A. e N.I.R.A.
    
     O Ato de Ajustamento Agrícola e o Ato de Reconversão da Indústria Nacional.

     Com a elaboração do New Deal, o governo Roosevelt criou dois programas voltados para a recuperação dos setores agrícola e industrial:
- para o setor rural, o A.A.A. em que foi liberada uma linha de crédito com juro subsidiado e o pagamento de indenização aos produtores pela terra que deveria ficar ociosa para evitar a superprodução;
- para o setor industrial o N.I.R.A. em que foi criada uma linha de crédito com juro subsidiado. Para o setor, o governo estabeleceu um conjunto de normas a serem seguidas como: salário mínimo, reajuste de salários discutido com os representantes dos trabalhadores, jornada de trabalho de 8 horas/dia, proibição à prática de dumping.



As soluções nacionais para a Crise de 1929

     Como houve uma internacionalização da crise, decorrente da interdependência das economias capitalistas e, sobretudo em razão da dependência delas da economia norte americana. Fosse pelo fato de os EUA constituírem o mercado para onde elas exportavam ou em razão dos capitais norte americanos, dos quais elas dependiam. Assim, a crise estendeu-se para a Europa Ocidental, para o Japão e para a América Latina.
     A exemplo dos EUA, as soluções adotadas nesses países passaram pela intervenção Estado na economia. Em alguns casos o Estado atuou como controlador e investidor nos setores produtivos e noutros o Estado atuou na regulação da economia.
    
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Na América Latina, tendo o Brasil como referência, o Estado adotou uma política de investimento nos setores de base para fomentar uma política de industrialização, que tornasse essas economias menos dependentes do mercado externo. No Brasil, na esteira  da Crise de 1929 organizou-se um Golpe de Estado, que afastou a República Oligárquica e instalou a Era Vargas (1930/1945)
     


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Salazar, Franco, Mussolini e Hitler
Lideranças fascistas, que a Crise fortaleceu

     Na Alemanha, na Itália e no Japão, o Estado promoveu uma aliança com o grande capital, realizou um programa de obras públicas e adotou uma via nacionalista, militarista e expansionista. Na Itália fortalecendo o governo fascista de Benito Mussolini, na Alemanha a crise contribuiu para a ascensão do Partido Nazista ao poder e, posteriormente, na instalação do Nazifascismo com a criação do III Reich, no Japão não se adotou a via fascista, embora optasse pela solução militarista e expansionista adotada pelos governos fascistas italiano e alemão. Em Portugal e na Espanha a burguesia e as classes médias amedrontadas pelo crescimento dos comunistas, não tiveram dúvidas em apoiar a adoção de via fascista com Salazar e Franco respectivamente.
     A Inglaterra adotou uma política de desvalorização da Libra, para baratear seus produtos e dessa forma incentivar as exportações. 

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