sábado, 29 de julho de 2017

Unidade V: o Humanismo e o Renascimento

A Transição ideológica feudo-capitalista (Séculos XIV/XVI)
O Humanismo e Renascimento
     
     No processo de transição do Feudalismo para o Capitalismo, as mudanças econômicas, políticas e sociais foram acompanhadas por uma mudança de mentalidade do homem europeu a partir da substituição dos valores medievais, que haviam sido elaborados e sustentados pela Igreja Católica com base no teocentrismo por uma  nova cultura, com características: 
antropocêntrica, racionalista, hedonista, individualista, inspirada na cultura clássica ou greco-romana e que valorizava a observação e o espírito crítico.
     Para a transição feudo-capitalista, essa nova cultura antropocêntrica, o Humanismo, que, a grosso modo, representou uma oposição à Igreja Católica, contribuiu porque libertou a burguesia das amarras impostas pela Igreja às práticas mercantis com  a condenação do lucro, também favoreceu a formação dos Estados Nacionais valorizando o homem representado na figura do monarca
     Os valores humanistas traduziram-se esteticamente na produção literária, na pintura, na escultura, na arquitetura, na ciência, ou seja, em tudo aquilo que mostrava ao homem do século XIV o surgimento de um novo mundo, que deixava para trás a Idade Média classificada pelos humanistas como um período de trevas culturais. Isso foi traduzido como Renascimento.

O pioneirismo italiano no Renascimento
    
     O Renascimento deu seus primeiros sinais no século XIV e isso ocorreu na península italiana onde se destacaram figuras como Leonardo da Vinci e Michelangelo e os precursores Dante Alighieri autor de A divina comédia, Geovani Boccaccio que escreveu  Contos de Decameron. Essa condição de primazia deveu-se principalmente a prosperidade econômica das Repúblicas onde havia uma burguesia enriquecida com o comércio das especiarias no Mediterrâneo, que possibilitou a prática de mecenato, dando aos autores as condições materiais para produzirem suas obras.
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              Lourenço de Médici , um Mecena















Os Precursores do Renascimento Italiano
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Dante Alighieri
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Geovane Boccacci
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Francesco Petrarca
     Além disso, a Península possuía uma herança viva da cultura clássica na qual os humanistas se inspiravam e contou com a rivalidade econômica  entre as repúblicas que se transferiu para o plano cultural e incentivou a produção renascentista.
     Entre os fatores que estimularam a produção renascentista italiana destaca-se  o êxodo de estudiosos da cultura clássica de Bizâncio para o Ocidente, após a invasão da cidade de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453. Estes levaram consigo documentos e textos que alimentaram a produção renascentista italiana com novas informações sobre a cultura clássica oriental.

O Renascimento contou para sua construção e propagação do aperfeiçoamento da imprensa feita pelo alemão Gutemberg e  pelas Grandes Navegações que resultaram nos “descobrimentos marítimos” e no  contato com novas culturas o que ampliou a visão do mundo e do homem pelos renascentistas.

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A prensa de Guttemberg

Autores do Renascimento

Leonardo da Vinci, um homem a frente de seu tempo, sempre citado como pintor da Monalisa também se destacou com outras obras como: esboço dos paraquedas, projeto arquitetônico para uma cidade e o Homem Vitruviano.
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Michelangelo extraordinário pintor e escultor, foi o autor de Davi, de Moisés e da pintura no teto da Capela Sistina da criação do mundo, obra contratada pelo Papa Júlio II.
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Nicolau Maquiavel autor florentino. Autor de O Príncipe no qual formulou uma proposta política de natureza absolutista.
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Miguel de Cervantes espanhol autor de Dom Quixote.
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Luís de Camões português autor de Os Lusíadas.
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Willian Shakespeare inglês autor de Romeu e Julieta, de Sonhos de uma noite de verão, de Mercador de Veneza, entre outros.
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Erasmo de Roterdã, o príncipe dos humanistas,  um misto de renascentista e reformador religioso, em seu livro Elogio da Loucura propunha uma reforma nos dogmas da doutrina Católica.
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Nicolau Copérnico polonês autor da teoria heliocêntrica que derrubou a teoria geocêntrica de Ptolomeu.
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Galileu Galilei cientista italiano comprovou a teoria heliocêntrica de Copérnico utilizando um telescópio.
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Johann Kepler cientista alemão avançou com a teoria de Copérnico sobre o movimento elíptico dos planetas em torno do Sol.
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William Harvey e Miguel de Severt cientistas que desenvolveram estudos sobre a circulação sanguínea.    


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Harvey



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Severt
                                                   




                            
“[...] Cessem do sábio grego e do troiano
As navegações grandes que fizeram
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre lusitano,
A quem Netuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o09 que a musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta […]

(CAMÕES, Luís de, os Lusíadas)


“Na região de Lunigiana, terra não mui afastada da nossa , encontra-se um mosteiro cujos religiosos eram outrora um exemplo de devoção e castidade. Lá pela época em que principiaram a degenerar, no meio deles, vivia, entre outros, um jovem monge no qual as vigílias e as austeridades não conseguiam reprimir o aguilhão da carne. Tendo um dia saído por volta do meio dia, isto e, enquanto os demais frades faziam a sesta, e passeando a sós em torno da Igreja, situada num lugar muito solitário, o acaso fê-lo deparar a filha de qualquer lavrador do cantão. O encontro com aquela moça bonita e de formas encantadoras causou-lhe a mais viva impressão. Interpelou-a, travou conversa com ela, disse-lhe palavras amáveis, e saiu-se tão bem que em breve se puseram em acordo. Levou-a para o convento e a introduziu em sua cela sem ser notado por ninguém[...]”

(BOCCACIO, Giovanni. A Punição evitada. In Contos de Decameron)


Um comentário ácido de Leonardo da Vinci sobre a valorização da literatura:

     Como eu não tenho cultura literária, algum presunçoso, eu bem sei se acreditará com base para criticar-me, alegando que eu não conheço as letras. Ele sustentará que, por minha falta de experiência literária, não posso tratar como é necessário das questões com as quais me ocupo […]
O que vale mais, desenhar a partir da natureza ou a partir dos antigos? E o que é mais difícil, os contornos ou a sombra e a luz?
[…] Como se as pessoas não tivessem vida suficiente para adquirir conhecimento de um  único objeto como o corpo humano

O Declínio do Renascimento    
      
     Em meados do século XVI, o Renascimento sofreu, digamos, um declínio nas áreas católicas. Não porque faltassem autores e inspiração, mas porque essa nova cultura passou a sofrer uma repressão por parte da Igreja através da imposição da  censura do Índex (Índice de Livros Proibidos) e da prática da Inquisição (O Tribunal do Santo Ofício) que era implacável com aqueles denunciados pela prática de heresia, não raro eram condenados a morteA repressão ao Renascimento contou na França, em Portugal e na Espanha com o apoio dos monarcas absolutistas em troca da sustentação ideológica proporcionada pela Igreja a eles.
     Com relação à Itália, o declínio do Renascimento deveu-se principalmente a decadência econômica das Repúblicas, em decorrência das Grandes Navegações Ibéricas, que retirou delas o monopólio sobre o comércio das especiarias e  determinou a redução de recursos para a prática do mecenato.



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