O
Mercantilismo.
A Política econômica do Antigo Regime (Séculos XVI/XVIII)
Entre os séculos XVI e XVIII
a economia dos Estados Modernos funcionou com base em algumas práticas
denominadas mercantilistas pelos liberais, seus mais implacáveis críticos no
século XVIII
Essa política econômica desprovida de teoria ou
doutrina variou de país para país, levando-se em conta as características
geoeconômicas de cada um deles. Ainda assim foi possível identificar alguns
princípios adotados, como:
- o intervencionismo do Estado na economia regulamentando-a, concedendo
monopólios, adotando o protecionismo e impondo restrições às importações e
exportações;
- o metalismo que incentivou a acumulação de metais preciosos,
considerados como a medida de riqueza do Estado. Quanto a essa prática houve
diferenças entre aquela praticada na Espanha e a praticada pelos ingleses.
Enquanto os espanhóis promoveram um entesouramento dos metais obtidos nas suas
colônias americanas, os ingleses investiram a riqueza acumulada em atividades
produtivas o que lhes abriu o caminho para a Revolução Industrial no século
XVIII;
- a balança comercial favorável em que a exportações devem ser maiores que as importações;
Segundo o ministro das finanças da França do
governo de Luis XIV, Jean Baptiste Colbert não era possível a um reino
acumular riquezas sem que as tirasse do reino vizinho. Isso seria feito
através das relações comerciais superavitárias
|
- o protecionismo através da elevação das taxas aplicadas aos produtos
importados e redução daquelas praticadas sobre as exportações;
- a formação das Companhias Privilegiadas de Comércio, responsáveis por
levarem os produtos nacionais aos mais distantes portos, assim como trazer para
o país os produtos comprados no exterior;
- a criação de colônias, regiões ultramarinas alcançadas nas
Grandes Navegações, que se transformaram em fontes de riquezas através da extração
de metais preciosos e/ou pelo fornecimento de gêneros tropicais e subtropicais
para o mercado europeu.
As políticas nacionais mercantilistas
Espanha (século XVI/XVII) Modelo Bullionista ou Metalista.
O Estado Espanhol entesourou uma enorme
quantidade de metais preciosos obtidos na exploração das suas colônias na
América. Entretanto, não houve nenhuma mudança na economia daquele país por não
ter havido uma inversão da riqueza em atividades produtivas, mantendo o país
dependente das importações. Além disso, os espanhóis sofreram uma sangria
monetária em razão das guerras , como por
exemplo, aquela contra os holandeses.
Holanda (século XVII) Modelo Comercialista
Segundo a historiadora Letícia Cañedo em seu
livro A Revolução Industrial, os holandeses tinham no século XVII a mais
próspera economia da Europa e poderiam ter se antecipado aos ingleses na
industrialização. Entretanto, os holandeses que acumularam uma grande riqueza
com suas companhias de comércio, investiram essa riqueza na própria atividade
mercantil e na construção naval. Desse modo tornaram-se dependentes do mercado
externo. Além disso, os holandeses passaram a enfrentar a forte concorrência
britânica, que os desbancou no comércio internacional. Para finalizar,
enfrentaram a Guerra dos Mares contra os ingleses na qual foram derrotados o
que decretou o seu declínio.
França (séculos XVII/XVIII) Modelo Colbertista ou Industrialista
Colbert |
No governo de Luis XIV, o então ministro das finanças Jean Baptiste Colbert definiu as diretrizes da economia mercantilista francesa com ênfase aos produtos de luxo, incentivo à imigração (ingresso de mão de obra e de capitais), estímulo às exportações (redução das tarifas), à formação de colônias, tudo sob rigorosa intervenção do Estado, este intervencionismo segundo os liberais teria sido a principal razão para o baixo crescimento da economia francesa.
Inglaterra (séculos XVII/XVIII) Modelo Misto
(industrialista-comercialista-colonialista)
O modelo inglês destacou-se pelo fato de
pluralizar as áreas de investimentos e de acumulação. No século XVII, na
Inglaterra houve uma política de estímulo à construção Naval e a formação das
Companhias de Comércio através da publicação dos Atos de Navegação de 1651 e de
1660 neles ficou estabelecido o monopólio da Marinha Mercante britânica no
transporte de mercadorias que entrassem ou que saíssem da Grã Bretanha. Além
disso, houve uma ênfase ao processo de Cercamento dos Campos (Enclosures
land's) que tornava o setor rural inglês ajustado à mentalidade capitalista,
produzindo para o mercado e se tornando gerador da acumulação de
capitais. Quanto ao setor manufatureiro, o fator de estímulo foi
redução da intervenção do Estado, por meio da supressão das corporações de
ofício.
As terras comuns deram lugar ao latifúndio com o Cercamento dos Campos |
Entre os liberais do século XVII, críticos severos
da intervenção do Estado na economia, os resultados obtidos na Inglaterra na
acumulação da riqueza na etapa mercantilista se deve exatamente a menor
presença do Estado regulamentando as atividades econômicas. Isso decorreu
sobretudo das Revoluções Puritana(1642) e Gloriosa(1689) no século XVII, cuja
última sepultou o absolutismo na Inglaterra através da criação do Bill of
Rights (a Declaração de Direitos), que instituiu o sistema parlamentarista de
governo, em que o poder Executivo passou a ser exercido pelo 1º Ministro,
representante da maioria do Parlamento.
“O meio ordinário de aumentar nossa riqueza e
nossas espécies é o comércio exterior, para o qual é preciso sempre observar
esta regra, vender mais aos estrangeiros do que lhes compramos para o nosso
consumo”
Th.
MUN. England's Treasure by foreign Trade. (In O
Mercantilismo de Pierre Deyon)
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