A formação do pensamento capitalista no século XVIII
O Liberalismo Econômico e Político
No século XVII com John Locke e no século XVIII
com o economista Adam Smith e com os filósofos franceses iluministas,
representando os interesses da burguesia, foi elaborado o Pensamento Liberal,
que se traduziu numa crítica às estruturas do Antigo Regime (Absolutismo,
Mercantilismo e sociedade de privilégios) e na apresentação de proposições
políticas, sociais e econômicas que deveriam compor um projeto de sociedade
burguesa.
John Locke, filósofo inglês autor
de Tratado do Governo Civil, considerou que os homens possuem a
vida, a liberdade e a propriedade como seus direitos naturais e que
cabe ao Estado, a organização política da sociedade, a responsabilidade de
protegê-los e, daí nasce o direito inalienável da sociedade civil de rebelar-se
contra esse governo quando ele não oferece a proteção aos seus direitos
naturais ou quando age de forma tirânica. Essas ideias de Locke acabaram por torná-lo o Paí do Liberalismo Político.
No século XVIII, a crítica ao Antigo Regime manifestou-se no campo econômico através da Escola Fisiocrata ou Agrarianista criada na França por Quesnay, Gournay e Turgot
Ainda no século XVIII, na Inglaterra surgiu a Escola Clássica ou Liberal criada na Inglaterra por Adam Smith, mas que reuniu pensadores como Davi Ricardo, Stuart Mill e Malthus.
Neste mesmo século manifestou-se no campo
político a crítica iluminista ao absolutismo e à sociedade de privilégios
apresentada pelos filósofos franceses como Jean Jacques Rousseau, Montesquieu,
François Marie Arouet Voltaire, Denis Diderot e Jean D’Alembert.
As teorias econômicas
A Escola Fisiocrata ou Agrarianista
François Quesnay |
Esta Escola Francesa representou a primeira
crítica ao Mercantilismo e que apontou novas diretrizes para a economia. Como
primado principal ela defendeu a não intervenção do Estado na economia,
com o lema laissez faire, laissez passer, Le monde va de lui mêne (deixai
fazer, deixai passar, que o mundo caminha por si mesmo), eles manifestam uma
posição muito claramente contrária as regulamentações, as corporações e aduanas
internas.
Entretanto, os fisiocratas defenderam uma visão
muito simplificada da economia ao valorizarem as atividades agrícolas,
sobrepondo-as à indústria e o comércio, considerados por eles como atividades
estéreis. Segundo os fisiocratas a agricultura apresentava um lucro líquido
muito superior àquele oferecido pelas atividades industriais e mercantis.
Adam Smith |
A Escola Clássica ou Liberal
Escola inglesa, criada pelo escocês Adam Smith, ela
defendia, a exemplo dos fisiocratas, a não intervenção do Estado na economia ou
o laissez faire. De modo a proporcionar uma nova dinâmica à
economia, Adam Smith defendeu: a livre iniciativa, a livre
concorrência, a lei da oferta e da procura, a divisão social do trabalho e a
divisão internacional do trabalho. Na visão dos clássicos a economia
deveria garantir a plena liberdade do capital para produzir, vender, comprar
quando e como a burguesia desejasse.
O professor e historiador
Francisco J. C. Falcon define assim o Iluminismo em seu livro de mesmo nome:
“Enquanto para os historiadores a
palavra Iluminismo remete à noção de um movimento intelectual ocorrido na
Europa do século XVIII – o século das Luzes -, em que pese o reconhecimento de
que se trata de uma generalização frente à realidade extremamente rica e
diversificada de tal objeto – para nós, hoje, o Iluminismo reveste-se de muitas
outras significações.
Podemos, por exemplo, tentar compreender o
Iluminismo como culminação de um processo, ou como um começo. Enquanto ponto de
chegada, o Iluminismo aparece como o clímax de uma trajetória cujos começos se
identificam com o Renascimento, mas que só alça vôo realmente com a Revolução
Científica do século XVII. Considerado como ponto de partida, o Iluminismo
passa a constituir o primeiro momento de uma aventura intelectual que também é
nossa (...)”.
O Dicionário Ilustrado da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de
Letras define o Iluminismo como:
“movimento filosófico-intelectual que floresceu no
século XVIII na Europa e que, embasado numa postura racionalista, realizou o
exame crítico das instituições absolutistas e eclesiásticas, combatendo as
tradições feudais e religiosas, opondo-se a qualquer doutrina revelada, e
acreditando numa ordem racional do mundo que seria perceptível pelo progresso
da humanidade”.
Os principais representantes do Iluminismo e suas proposições
Com base no racionalismo, na defesa
da liberdade e da igualdade e manifestando um visível anticlericalismo,
os filósofos franceses produziram suas teorias e as publicaram em seus livros
e, posteriormente, as mesmas foram sistematizadas na Enciclopédia organizada
por Denis Diderot e Jean D”Alembert.
Charles-louis de Secondat, o Barão de Montesquieu (1689-1775) autor de O Espírito das Leis, obra na qual defendeu a tripartição do poder, condição necessária para a existência do estado de direito, sob o argumento de que só o poder pode conter o poder e evitar a sua concentração como ocorria na fase absolutista. Montesquieu também desenvolveu uma teoria política na qual ele relacionava as dimensões territoriais do país para indicar a melhor alternativa para a forma de governo e o regime político. Assim, os pequenos países devessem adotar a República, os de dimensões médias a Monarquia Constitucional e quanto aos países de grandes dimensões ele admitia a Monarquia Absolutista.
François Marie Arouet, Voltaire (1694-1778) autor de
vários artigos, que foram reunidos na obra Cartas Inglesas foi,
sem favor algum, o mais severo crítico da Igreja Católica e o maior defensor
das liberdades individuais, posição consagrada na expressão: “não
concordo com uma única palavra que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso
direito de pronunciá-las”. Voltaire em razão da intolerância política
da qual foi vítima na França, conseguiu asilo político na Inglaterra onde
conheceu e passou a admirar o pensamento de John Locke, assim como o sistema
parlamentarista de governo utilizado pelos ingleses;
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) reconhecido como o pai de democracia liberal e considerado o mais notável dos filósofos, Rousseau no livro O Contrato Social defendeu o direito da sociedade de escolher, de forma soberana e majoritária, o seu governo, através do voto. Segundo ele, essa condição dá um sentido de justiça e de respeito àqueles que exercem o poder.
Rousseau no ensaio As origens e fundamentos
da desigualdade entre os homens, apontou a propriedade da terra como a
origem da desigualdade entre os indivíduos. Nesse sentido, ele defendeu como
única forma de correção dessa desigualdade a distribuição da terra, de modo a
criar uma sociedade mais justa de pequenos proprietários. As ideias de Rousseau
repercutiram intensamente junto a pequena burguesia francesa, aglutinada, no
processo revolucionário francês, no clube dos jacobinos.
O Enciclopedismo e o Despotismo Esclarecido
Diderot e D'Alembert |
O Enciclopedismo apresenta uma
dualidade de conceitos: para uns ele foi um movimento paralelo ao Iluminismo e para
outros foi um movimento complementar ao Iluminismo. Mas em ambas as hipóteses
há a reconhecimento da sua contribuição para a difusão das ideias iluministas,
com ênfase a liberdade e a igualdade. O trabalho de Diderot e de D’Alembert de
reunirem, em alguns exemplares, o pensamento político e econômico produzido no
século das Luzes, ajudou a propagação dessas ideias, permitindo que um maior
número de pessoas, tivesse acesso a elas.
O Despotismo
Esclarecido é considerado pelos historiadores como uma prática
desenvolvida por alguns dirigentes europeus, entre eles monarcas e ministros,
que se utilizaram de algumas ideias iluministas para promoverem algumas
reformas econômicas e sociais como:
- diminuição da intervenção econômica;
- redução do número de representantes da nobreza na administração
pública;
- extensão do sistema educacional para um maior número de pessoas.
Todas essas medidas atendiam aos
interesses burgueses, mas, em nenhum momento, apontavam para reformas que
desmontassem a estrutura absolutista de governo. Entre aqueles que analisam o
Despotismo Esclarecido, há uma visão consensual de que as reformas promovidas
pelos governos os tornaram mais populares e os mantiveram absolutistas como até
então.
Entre os governantes Déspotas
Esclarecidos que promoveram as reformas temos: Frederico
Guilherme da Prússia, Catarina II da Rússia, José II da Áustria, o
Marquês de Pombal Ministro de Portugal e o Ministro espanhol Aranda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário